Época mais crítica de incêndios arranca com alerta máximo para seis concelhos

Fase "Charlie" prolonga-se até 30 de Setembro e conta com mais de 2000 equipas. A grande novidade está na participação de reclusos em acções de prevenção e vigilância.

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Vão estar disponíveis 1976 viaturas e 45 meios aéreos Enric Vives-Rubio

A época mais crítica de combate a incêndios florestais, conhecida como fase “Charlie”, arranca nesta segunda-feira – no mesmo dia em que seis concelhos do centro e sul estão em risco máximo de incêndio. A Direcção-Geral da Saúde também fez um alerta para o calor que se fará sentir em dez distritos.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a semana arranca com seis concelhos do centro e sul do país com risco extremo de incêndio: Santarém, Leiria e Castelo Branco são os que apresentam maiores riscos de incêndio, tendo quase todos os restantes concelhos em risco elevado ou muito elevado. Em risco extremo encontram-se quatro concelhos de Santarém, um no Porto e um no barlavento algarvio.

O IPMA prevê para esta segunda-feira céu pouco nublado, aumentando de nebulosidade a partir do meio da manhã no norte e no centro, com vento fraco (inferior a 15 km/h), tornando-se moderado (15 a 30 km/h) no litoral a partir da tarde. A temperatura máxima deverá descer para 26 graus Celsius no Porto, 27º em Faro e 30º em Lisboa.

Por seu lado, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) emitiu um alerta de calor para dez distritos do país devido às elevadas temperaturas previstas para esta segunda-feira, que podem ter efeitos nocivos na saúde. Em causa estão os distritos de Beja, Setúbal, Évora, Lisboa, Portalegre, Santarém, Castelo Branco, Leiria, Coimbra e Braga, diz a DGS no seu site, sublinhando exposição ao calor intenso, particularmente durante vários dias consecutivos, “pode produzir efeitos negativos na saúde humana”.

Esses efeitos, avisa, manifestam-se “através do agravamento de doenças crónicas, principalmente na população idosa, e de doenças relacionadas com o calor, como as cãibras, esgotamento por calor e a situação mais grave os golpes de calor”.

De manhã, o site da Autoridade Nacional de Protecção Civil não registava grandes incêndios activos, mas no domingo contabilizou 210 fogos pelo país, que foram combatidos por 3676 operacionais, com a ajuda de 987 veículos.

Neste ano, na fase “Charlie”, o dispositivo de combate a incêndios tem entre as novidades os dez grupos de reforço de ataque ampliado (GRUATA) e a participação de reclusos em acções de prevenção e vigilância.  Durante a fase “Charlie”, que se prolonga até 30 de Setembro, vão estar operacionais 2172 equipas de diferentes forças envolvidas, 1976 viaturas e 9337 elementos, além dos 237 postos de vigia da responsabilidade da GNR, segundo o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais.

Até ao final de Setembro vão estar também disponíveis 45 meios aéreos, a que se juntam o helicóptero Allouete III e o avião C-295M da Força Aérea Portuguesa, cooperação que este ano vai estar no terreno pela primeira vez. O dispositivo vai custar cerca de 78,5 milhões de euros, o que reflecte um aumento de quase 5% em relação a 2012. As corporações de bombeiros também recebem neste ano um reforço de verbas de 11%, que totaliza 2,3 milhões de euros em 2013.

O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) refere que mais de 2400 incêndios florestais deflagraram já em 2013, consumindo 2700 hectares de floresta, valores “substancialmente inferiores” às médias mensais dos últimos dez anos. O relatório provisório de incêndios florestais destaca que, entre 1 de Janeiro e 15 de Junho, se registaram menos 58% de ocorrências de fogo, em relação à média verificada nos últimos dez anos, e que ardeu menos 77% do que o valor médio da área ardida no mesmo período.

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