EUA aceitam negociar ao mais alto nível com Coreia do Norte

Para haver diálogo, Pyongyang diz que Washington não pode exigir condições.

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Regime de Kim Jong-Un garante que conservará o estatuto de potência nuclear KCNA/KNS/AFP

A Coreia do Norte propôs neste domingo aos Estados Unidos - que aceitaram - a abertura de conversações ao mais alto nível para assegurar a paz e a estabilidade na península coreana, ao fim de meses de fortes tensões na região suscitadas pelo terceiro teste nuclear de Pyongyang e por uma nova ronda de sanções ao regime.

A abertura ao diálogo, expressa num comunicado da Comissão de Defesa Nacional, acontece dias depois de a Coreia do Norte ter cancelado um encontro com responsáveis da Coreia do Sul. Com Washington, Pyongyang defende a realização de "negociações de alto nível", algo que não acontece desde 2009 (as partes mantêm apenas reuniões periódicas entre responsáveis).

O apelo chega com um alerta: Pyongyang conservará o estatuto de potência nuclear "até terminarem as ameaças vindas do exterior". "Se os Estados Unidos querem verdadeiramente apaziguar as tensões na península coreana e assegurar a paz e a segurança sobre o continente americano e a região", defende o Norte, não devem exigir condições para o diálogo – apenas poderão decidir a data e o local.

Na véspera deste pedido, Washington instou Pyongyang a realizar acções concretas para acalmar as preocupações sobre o armamento nuclear do país.

Uma reunião entre Pyongyang e Seul chegou a estar agendada para a semana passada, mas acabou por ser anulada à última hora. Inicialmente o Norte propôs que o encontro tivesse lugar em Kaesong – complexo industrial intercoreano situado em território do Norte, a dez quilómetros da fronteira –, mas a Coreia do Sul sugeriu Panmunjom, conhecida com a cidade da paz, por onde passa a linha telefónica que liga as duas coreias.

No auge do clima de tensão com os vizinhos do Sul e os Estados Unidos, no início de Abril, o Norte proibiu o acesso de sul-coreanos a Kaesong, mas já admitiu a reabertura do complexo industrial. O bloqueio ocorreu no contexto do agravamento da tensão na península coreana, após a aprovação de novas sanções pelas Nações Unidas, em resposta ao terceiro ensaio nuclear da Coreia do Norte, em Fevereiro.

Os Estados Unidos responderam, mostrando-se disponíveis para dialogar. “Queremos manter negociações credíveis com os norte-coreanos, mas essas conversações devem passar pelo cumprimento das obrigações da Coreia do Norte perante o mundo, incluindo o cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que devem levar, em última análise, à desnuclearização”, disse à Reuters Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano.

 
 
 

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