Jovem da Damaia que morreu tinha sido interceptado pela polícia em Maio

O jovem de 15 anos do Bairro 6 de Maio, na Damaia, Amadora, que morreu esta semana, estava referenciado pela polícia. No passado dia 10 de Maio, foi levado para a esquadra, após um furto num supermercado. Esta madrugada, jovens do Bairro 6 de Maio provocaram distúrbios, em protesto pela morte do rapaz. Alegam que a sua morte resultou de agressões da polícia.

Fonte policial disse à agência Lusa que o menor e mais três suspeitos foram interceptados e levados para a esquadra a 10 de Maio, depois de furtarem bebidas alcoólicas no valor de 230 euros de um supermercado na Falagueira, Amadora, “não havendo registo do uso da força nem a necessidade de assistência médica” a nenhum dos envolvidos.

Moradores e familiares afirmam que os desacatos ocorridos esta madrugada se deveram à morte de Diogo Seidi, de 15 anos, provocada, alegadamente, pelo “espancamento” de elementos da PSP, durante uma operação levada a cabo no Bairro 6 de Maio.

Como era o único menor, Diogo Seidi foi entregue pelas autoridades a um familiar.

Segundo Jéssica Alves, ex-cunhada do jovem, conhecido por “Mucho”, este foi internado num hospital há duas semanas, “depois de ter sido violentamente espancado por elementos da PSP” durante uma operação no bairro. “Ele já andava, já comia e já estava a ficar bem, mas rebentou-lhe uma veia, ficou em coma e acabou por morrer”, sublinhou.

Uma outra jovem referiu à Lusa que os moradores do bairro estão revoltados, porque, apesar de “Mucho” já ter tido alguns problemas com a polícia, “não merecia isto”.

De acordo com a mesma fonte policial, o menor estava referenciado pelas autoridades desde 2008 – quando tinha 11 anos –, e tinha antecedentes criminais por roubo com arma de fogo, roubo por esticão, furto a supermercado e roubo de veículos através do método de carjacking.

O comandante dos Bombeiros da Amadora, Mário Conde, explicou que esta madrugada vários jovens do bairro “formaram barreiras nas estradas com caixotes de lixo e sofás velhos” para impedir a circulação dos meios de socorro, enquanto ateavam fogo a uma viatura, partiam janelas de estabelecimentos comerciais e atiravam pedras a carros que passavam.

Todos os acessos ao bairro, considerado problemático pelas autoridades, estiveram bloqueados com perímetros de segurança montados pela polícia, para evitar que mais viaturas fossem apedrejadas, num aparatoso dispositivo policial, que teve mais de uma dezena e meia de viaturas das autoridades.

Durante a noite, a polícia deteve dois jovens, de 20 e 21 anos, um por resistência e coacção e outro por posse de arma proibida (bastão de basebol), este último com antecedentes criminais por agressões e assalto com arma de fogo.
 
 

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