Equipa portuguesa revela mecanismos da formação do tronco e da cauda dos vertebrados

Estudo da autoria de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência poderá contribuir para um melhor conhecimento de algumas malformações humanas congénitas.

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A: embrião de ratinho normal; B: embrião onde o "programa genético" de formação da coluna vertebral foi perturbado Moisés Mallo/IGC

Um trabalho publicado esta segunda-feira na revista Developmental Cell, permitiu desvendar os mecanismos por trás da formação do tronco e cauda nos ratinhos.

Os autores mostraram, explica o  Instituto Gulbenkian de Ciência em comunicado, que "a transição da formação do tronco para a cauda está intrinsecamente relacionada com a indução da formação das pernas e da cloaca (abertura final dos tractos digestivo, reprodutivo e urinário) embrionária” e que esta transição “é coordenada por uma cascata genética desencadeada pelo factor de sinalização Gdf11”.

A equipa dirigida por Moisés Mallo verificou, em experiências com ratinhos, que quando o Gdf11 é inactivado, os animais têm troncos maiores, com as patas traseiras situadas mais longe dos membros anteriores. Pelo contrário, quando o Gdf11 é activado precocemente, o resultado são “troncos extremamente reduzidos” e patas traseiras localizadas imediatamente a seguir aos membros anteriores.

“Ficámos de queixo caído quando vimos estes embriões pela primeira vez, porque nunca antes tinham sido observadas alterações tão grandes na posição das pernas”, disse Moisés Mallo.

A investigação indicou também que “o programa genético que regula a transição da formação do tronco para a cauda tem de ser coordenado na perfeição no tempo e no espaço”, frisa ainda o comunicado.

As alterações deste programa genético podem levar a malformações que afectam a coluna vertebral e os tractos digestivo, urinário e reprodutor, refere ainda o documento, adiantando que “estas malformações reproduzem de perto as características clínicas de algumas patologias humanas como a síndrome da regressão caudal ou a disgenesia vertebral segmentar”.

Moisés Mallo salientou que a descoberta da sua equipa “pode ser importante não só para entender os mecanismos que geram uma tão grande diversidade anatómica dos vertebrados, mas também para dar pistas relevantes” para a compreensão de algumas das síndromas humanas congénitas que apresentam malformações na parte inferior do corpo.

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