Indústria da aviação com lucros de 9800 milhões em 2013

Previsões foram revistas em alta. Transportadoras europeias dão sinal de recuperação.

Foto
Avião foi forçado a uma aterragem de emergência uma hora depois de ter descolado de Tóquio Kyodo/Reuters

A indústria da aviação deverá gerar lucros de 12.700 milhões de dólares este ano (9800 milhões de euros, ao câmbio actual), revelou nesta segunda-feira a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) na abertura da sua 69ª Assembleia Geral, superando o resultado de 7600 milhões de dólares (perto de 5837 milhões de euros) registado em 2012 e revendo em alta as estimativas iniciais.

Em Março, a associação, que representa 240 companhias de aviação de todo o mundo, tinha estimado lucros de 10.600 milhões de dólares (cerca de 8142 milhões de euros) para 2013. As previsões agora anunciadas significam uma melhoria de 2100 milhões de dólares (o equivalente a 1613 milhões de euros).

Esta revisão em alta dos ganhos é suportada por uma melhoria de resultados em todas as regiões, mas especialmente na América do Norte, cujos lucros deverão situar-se em 4400 milhões de dólares (3380 milhões de euros), quando as estimativas iniciais apontavam para 3600 milhões de dólares (2765 milhões de euros).

Também a Europa, que tem vindo a perder terreno e a registar quedas nos lucros fruto da crise que se instalou na região, está a dar sinais de recuperação. As previsões anunciadas nesta segunda-feira apontam para ganhos de 1600 milhões de dólares (1230 milhões de euros) em 2013, o que representa uma subida de 800 milhões de dólares (615 milhões de euros) face às estimativas divulgadas em Março.

Os resultados das companhias de aviação da Ásia-Pacífico melhoraram igualmente face às projecções iniciais, embora apenas em 200 milhões de dólares (154 milhões de euros), prevendo-se agora que os lucros na região alcancem 4600 milhões de dólares (3533 milhões de euros), os mais elevados a nível mundial.

Já as transportadoras do Médio Oriente deverão apresentar ganhos de 1500 milhões de dólares (1152 milhões de euros) e, na América Latina, os lucros deverão situar-se em 600 milhões (461 milhões de euros). Por último, a IATA prevê que o mercado africano atinja resultados líquidos de 100 milhões de dólares (77 milhões de euros), invertendo as perdas registadas em 2012.

Apesar da melhoria generalizada nas projecções, as margens de lucro continuam muito abaixo do registado no passado. Para 2013, prevê-se que se situem em 1,8%, que compara por exemplo com os 3,3% de 2010. O presidente da IATA, Tony Tyler, afirmou nesta segunda-feira que a aviação “é um negócio difícil”, acrescentando que “em média as companhias ganham cerca de quatro dólares (3,1 euros) por cada passageiro que transportam, menos do que o preço de uma sanduíche na maioria dos sítios”.

Em termos de receitas, a associação que escolheu a Cidade do Cabo (África do Sul) para realizar a Assembleia Geral de 2013, prevê agora uma facturação agregada de 711 mil milhões de dólares (547 mil milhões de euros), acima dos 680 mil milhões de dólares (522 mil milhões de euros) do ano passado.

A IATA destaca o facto de as companhias de aviação estarem a procurar novas fontes de receitas, verificando-se um aumento do contributo de facturação que não resulta da comercialização de bilhetes (como as vendas a bordo), que já representam 5% do volume de negócios global, quando pesavam apenas 0,5% em 2007.

Prevê-se ainda uma subida no load factor [taxa de ocupação] das 240 transportadoras aéreas para 80,3%. E o número de passageiros movimentados pelos 240 membros da associação deverá crescer para 3,13 mil milhões, estabelecendo um recorde. Já o negócio do transporte de mercadorias continuará praticamente estagnado, antecipando-se a movimentação de 52,1 mil milhões de toneladas.

Do lado dos custos, a IATA salienta a factura com combustível, referindo que o preço do barril de petróleo subiu 55% entre 2006 e 2013, devendo, em termos médios, fixar-se em 108 dólares este ano – abaixo dos 111.8 dólares de 2012. A associação acredita que o aumento de 23% nos custos das transportadoras aéreas previsto para 2013 terá como principal responsável o combustível.

“O futuro está grávido de potencial, mas também acarreta muitos desafios”, referiu o presidente da IATA. Na sessão de abertura da 69ª Assembleia Geral da associação, Tony Tyler destacou cinco áreas a que a indústria tem de estar atenta nos próximos tempos: segurança, infra-estruturas, distribuição, regulação e ambiente.

Referindo-se à necessidade de fazer parcerias no sector para dar resposta aos desafios que se avizinham, o responsável deixou um apelo aos representantes das 240 companhias presentes no evento na Cidade do Cabo. United we stand, divided we fall [Juntos sobreviveremos, divididos cairemos], disse.

A jornalista viajou a convite da IATA

Sugerir correcção
Comentar