Autarcas boicotaram assembleia geral da Metro do Porto marcada de véspera

"Enquanto eu for presidente da Câmara ou da Junta Metropolitana do Porto, [o Governo] não telefona no dia anterior a mandar-me estar, porque não estou", avisou Rui Rio.

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"Quem não se dá ao respeito não se pode respeitar", atirou Rio ao Governo Fernando Veludo/NFactos

Os autarcas da Área Metropolitana do Porto "não estão disponíveis para desconsiderações" do Governo, pelo que, reunidos na manhã desta sexta-feira, decidiram não comparecer na assembleia geral da Metro, inviabilizando-a.

Esta decisão foi justificada com o facto de o Governo só ter enviado o pedido de convocatória da assembleia ao final da tarde desta quinta-feira, véspera do último dia legal para a aprovação das contas da Metro. E acontece um dia depois de o presidente da mesa da assembleia geral, Valentim Loureiro, ter criticado duramente o Governo, acusando-o de se estar a "marimbar" para a Metro do Porto.

Esta manhã foi a vez de Rui Rio, líder da Câmara e da Junta Metropolitana do Porto (JMP), criticar novamente o executivo de Pedro Passos Coelho. "Só hoje de manhã é que tive acesso a um fax de ontem à noite, de pouco antes das 20h, dizendo que o Governo tinha pedido a reunião para hoje de manhã e, ainda por cima, à hora da reunião da Junta. Esta convocatória é ilegal e só passaria a ser legal se tivesse o acordo de todos os accionistas", disse o autarca, no final da reunião da JMP.

Rio frisou que a convocatória "não tem o acordo da Câmara do Porto", decisão que acabou por ser também "consensualizada" com os restantes autarcas da Área Metropolitana do Porto. "A Junta decidiu não aceitar mais esta falta de respeito. É uma falta de respeito completa e absoluta. O Governo pensa que quer, pode e manda e que tem aqui 16 presidentes de câmara à disposição", acrescentou o autarca, avisando: "A Junta não está disponível para uma coisa dessas nem para mais uma desconsideração".

A assembleia geral da Metro do Porto, para aprovação de contas, esteve agendada para 15 de Maio, mas o encontro foi adiado, depois de o Governo ter feito saber, também no dia anterior, que não tinha tido tempo para analisar o processo. Por isso, Rui Rio fez questão de lembrar que os autarcas "não tiveram qualquer responsabilidade" nesse primeiro adiamento, que foi - defendeu - "fruto de uma incapacidade do Governo", e que continuam disponíveis para "colaborar" com ele, desde que se regresse ao "bom senso".

Nesse sentido, o que Valentim Loureira deverá ter dito ao representante do Governo, que compareceu na sede da Metro do Porto, é que irá convocar uma nova assembleia geral, dentro dos prazos legais (30 dias), sendo certo que os autarcas estão disponíveis para antecipar a reunião, caso o Governo o solicite.

"Estamos disponíveis para ver com o Governo uma data antes dos 30 dias, mas é uma data que seja de comum acordo. Enquanto eu for presidente da Câmara ou da Junta Metropolitana do Porto, [o Governo] não telefona no dia anterior a mandar-me estar, porque não estou", afirmou Rui Rio.

O autarca frisou ainda que o Governo "tem de olhar para a Área Metropolitana do Porto com o devido respeito". "Quem não se dá ao respeito não se pode respeitar", sentenciou.

A não aprovação das contas da Metro do Porto até ao final desta sexta-feira poderá implicar a aplicação de uma coima à empresa. Sobre esta matéria, Rui Rio disse não saber se a empresa a terá de pagar ou não, reiterando: "A Junta Metropolitana do Porto não tem responsabilidade nenhuma" na situação.

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