Paulo Portas preocupado com as projecções da OCDE
Em contraste com a desvalorização dos dados feita pelo ministro das Finanças, o ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se apreensivo com as previsões.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, manifestou esta quarta-feira preocupação pela projecção da OCDE para Portugal, reiterando que defende um ajustamento adaptado à realidade, como esforços “realistas” e “metas atingíveis”.
No mesmo dia e perante as mesmas projecções da OCDE, os dois ministros de Estado manifestaram reacções divergentes. Se o tom usado pelo ministro das Finanças sobre as projecções da OCDE foi de desvalorização, já o ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou preocupação. “Só posso declarar que me preocupa a projecção que faz a OCDE, como é evidente”, afirmou Paulo Portas, em resposta a perguntas dos deputados durante o debate de urgência pedido pelo BE sobre a reforma do Estado.
O líder do CDS reiterou que a meta para 2014 era difícil de atingir. "Acho que o Governo faz bem em abrir a possibilidade de flexibilizar com os credores e por isso preocupa-me a projecção que a OCDE faz, como é evidente", afirmou.
Respondendo concretamente ao deputado de “Os Verdes” José Luís Ferreira, Portas reiterou a sua afirmação segundo a qual “os programas de ajustamento devem ter adaptação à realidade, que os esforços devem ser realistas e que as metas devem ser atingíveis”.
“Eu disse que era difícil atingir e dependia muito de uma conjuntura externa que fosse mais favorável em vez de desfavorável o estabelecido para 2014 e, por isso, acho que o Governo faz bem em abrir a possibilidade de flexibilizar, em negociação com os credores, essa meta”, disse.
A OCDE espera que a economia portuguesa tenha uma recessão mais profunda este ano, de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), e que cresça menos em 2014 que o esperado pelo Governo e pela ?troika’.
De acordo com o relatório 'Economic Outlook’ divulgado esta quarta-feira (com as perspectivas globais da instituição, publicado duas vezes por ano), a Organização espera que a recessão seja maior em 0,4 pontos percentuais face à última estimativa do Governo e da troika, que previa um recuo de 2,3%.
A organização antecipa também que a economia cresça menos que o esperado em 2014, mesmo após a queda mais profunda este ano, também aqui menos 0,4 pontos percentuais que na estimativa da ?troika’ e do Governo.
A OCDE espera um crescimento marginal na ordem dos 0,2%, enquanto o Governo, no Documento de Estratégia Orçamental apresentado no mês passado, previa um crescimento de 0,6%.