Paulo Portas preocupado com as projecções da OCDE

Em contraste com a desvalorização dos dados feita pelo ministro das Finanças, o ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se apreensivo com as previsões.

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Paulo Portas falou aos jornalistas no fim do debate no Parlamento Foto: Carlos Lopes / Arquivo

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, manifestou esta quarta-feira preocupação pela projecção da OCDE para Portugal, reiterando que defende um ajustamento adaptado à realidade, como esforços “realistas” e “metas atingíveis”.

No mesmo dia e perante as mesmas projecções da OCDE, os dois ministros de Estado manifestaram reacções divergentes. Se o tom usado pelo ministro das Finanças sobre as projecções da OCDE foi de desvalorização, já o ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou preocupação. “Só posso declarar que me preocupa a projecção que faz a OCDE, como é evidente”, afirmou Paulo Portas, em resposta a perguntas dos deputados durante o debate de urgência pedido pelo BE sobre a reforma do Estado. 

O líder do CDS reiterou que a meta para 2014 era difícil de atingir. "Acho que o Governo faz bem em abrir a possibilidade de flexibilizar com os credores e por isso preocupa-me a projecção que a OCDE faz, como é evidente", afirmou. 

Respondendo concretamente ao deputado de “Os Verdes” José Luís Ferreira, Portas reiterou a sua afirmação segundo a qual “os programas de ajustamento devem ter adaptação à realidade, que os esforços devem ser realistas e que as metas devem ser atingíveis”. 

“Eu disse que era difícil atingir e dependia muito de uma conjuntura externa que fosse mais favorável em vez de desfavorável o estabelecido para 2014 e, por isso, acho que o Governo faz bem em abrir a possibilidade de flexibilizar, em negociação com os credores, essa meta”, disse. 

A OCDE espera que a economia portuguesa tenha uma recessão mais profunda este ano, de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), e que cresça menos em 2014 que o esperado pelo Governo e pela ?troika’. 

De acordo com o relatório 'Economic Outlook’ divulgado esta quarta-feira (com as perspectivas globais da instituição, publicado duas vezes por ano), a Organização espera que a recessão seja maior em 0,4 pontos percentuais face à última estimativa do Governo e da troika, que previa um recuo de 2,3%. 

A organização antecipa também que a economia cresça menos que o esperado em 2014, mesmo após a queda mais profunda este ano, também aqui menos 0,4 pontos percentuais que na estimativa da ?troika’ e do Governo. 

A OCDE espera um crescimento marginal na ordem dos 0,2%, enquanto o Governo, no Documento de Estratégia Orçamental apresentado no mês passado, previa um crescimento de 0,6%. 

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