Câmara do Porto investiu 13 milhões em cultura nos últimos quatro anos

Na assembleia municipal, executivo elencou números e projectos que não convenceram a oposição.

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Guilhermina Rego fez uma intervenção de 45 minutos a elencar eventos e números sobre a actividade cultural do município Adriano Miranda/Arquivo

Nos últimos quatro anos, correspondentes ao mandato do actual executivo liderado por Rui Rio, a Câmara do Porto investiu 13 milhões de euros em projectos culturais. O número foi avançado ontem pela vereadora do Conhecimento e da Coesão Social, Guilhermina Rego, durante a sessão da Assembleia Municipal do Porto convocada pela CDU para discutir a situação cultural portuense.

Numa intervenção de 45 minutos, a vereadora elencou, de forma exaustiva, os projectos que marcaram a actividade cultural do mandato e que se enquadraram, disse, numa “estratégia de promoção do conhecimento e da coesão social”. Guilhermina Rego disse não ter dúvidas de que o “Porto, que é um pólo cultural de referência reconhecido a nível nacional e internacional, tem uma política cultural”.

A intervenção da vereadora ocorreu depois da passagem de um filme de promoção dos projectos culturais da autarquia e surgiu como resposta à interpelação da CDU, que chamou a atenção para várias estruturas daquele sector na cidade que se queixam de falta de espaços e de dificuldades financeiras que colocam em causa a sua sobrevivência. Em cinco propostas, chumbadas pela maioria, a CDU defendia que o executivo reassumisse o Rivoli como teatro “municipal”, em cooperação com associações e outros agentes culturais, protestava contra o corte de 30% no financiamento da Casa da Música e de Serralves e contra a falta de apoios ao FITEI. Também o Bloco de Esquerda defendeu a necessidade de uma política cultura.

Guilhermina Rego referiu também que o município investiu três milhões em apoios e um milhão de euros em manutenção de edifícios culturais. A vereadora fez ainda questão de sublinhar que a câmara assumiu encargos de 24 milhões relacionados com recursos humanos afectos à cultura, o que representa 11% dos gastos totais do município com pessoal.

A vereadora defendeu que a prova da existência de uma oferta cultural “próxima das pessoas” é o facto de os espaços do Porto reservados para este fim terem recebido mais de “um milhão de visitantes”, em 2011. Mas não convenceu a CDU, que continuou a criticar duramente aquilo que designa por ausência de política cultural do município. “Bem podia estar aqui a falar até de manhã. Sabe o mar imenso que separa o que disse aqui daquilo que é o sentimento das pessoas?”, questionou o deputado municipal da CDU, Artur Ribeiro. José Castro, do BE, criticou a “hostilidade” da câmara em relação aos “agentes culturais”.

O PS, através de Carla Miranda, aproveitou para lamentar a atitude do município que criou uma “brigada para pintar os graffitis”. “Na semana passada perdemos um graffiti de Hazul. O executivo tem de perceber a diferença e não pode ser um analfabeto cultural. Lisboa não tem o nível de intolerância que o Porto tem face aos graffitis”, referiu a deputada que manifestou dúvidas sobre a legitimidade da câmara para pintar “paredes privadas sem autorização”. Catarina Rocha, do PSD, salientou, porém, que “eventos culturais não faltam nesta cidade”.

A sessão da assembleia municipal começou com a aprovação unânime de uma saudação ao FC Porto pela conquista de mais um campeonato nacional de futebol.

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