Casal troca urna de familiar para pedir indemnização a junta de freguesia

Coveiro que foi cúmplice no crime acabou por confessar o esquema.

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Paulo Pimenta

Por uma indemnização de 20 mil euros, um casal subornou um coveiro para trocar a urna com os restos mortais de um familiar pela de uma outra pessoa. O objectivo era imputar o erro da troca à Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, mas o trabalhador do cemitério local acabou por denunciar o caso. Homem e mulher estão agora acusados pelo Ministério Público de corrupção activa e de profanação de cadáver, enquanto o coveiro vai a julgamento por corrupção passiva e co-autoria na profanação de cadáver.

O caso remonta a Julho de 2011, quando o homem e a mulher, de 31 e 28 anos, respectivamente, terão pago 100 euros ao coveiro, de 54 anos, para que lhes entregasse “uma urna com uma ossada completa, não identificada e considerada abandonada”. Segundo despacho de acusação, citado pela Lusa, o arguido dirigiu-se depois ao “ossário da avó e trocou a urna da familiar pela que tinha sido entregue pelo coveiro”.

O homem levou em seguida a urna com as ossadas da avó na bagageira do carro para casa. De acordo com o Ministério Público, o casal “manteve a urna na despensa da habitação durante quase quatro meses”.

Durante esse período, a advogada do arguido chegou a ir à Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, para exigir uma indemnização de 20 mil euros, alegando erro dos serviços da autarquia local. No entanto, fonte da junta de freguesia disse à Lusa que o coveiro acabou por confessar o plano e o casal foi detido pelas autoridades a 26 de Novembro de 2011, quando tentava devolver a urna ao cemitério de Alverca.

A mesma fonte acrescentou que o funcionário da junta, coveiro há 20 anos, cumpriu uma suspensão de quatro meses, sem vencimento, no âmbito do processo disciplinar aberto pela entidade patronal, estando actualmente de volta ao trabalho.

O casal está em liberdade e sujeito à medida de coacção de termo de identidade e residência.

“Com a referida conduta, os arguidos ofenderam e mostraram um profundo desrespeito pela memória da pessoa em causa”, sustenta a acusação, acrescentando que o casal e o coveiro “colocaram o interesse do Estado em causa”.

O caso, que teve início com a denúncia feita pela junta de freguesia, vai ser julgado em Vila Franca de Xira, em data ainda não marcada, por um tribunal singular, uma vez que as penas máximas não ultrapassam os cinco anos de prisão.
 
 

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