Ahmadinejad não aceita que o seu candidato tenha sido excluído das presidenciais iranianas

É cada vez maior o conflito entre o líder religioso, ayatollah Ali Khamenei, e o Presidente. O moderado Rafsanjani desistiu da luta.

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Braçod e ferro entre o Presidnete e o líder espiritual Reuters

Já nada oculta a guerra que se trava entre o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, e o líder religioso do país, ayatollah Khamenei. Esta quarta-feira, Ahmadinejad fez saber que não aceita a exclusão do seu aliado, Esfandiar Mashaei, da lista de candidatos às presidenciais.

O Presidente iraniano vai recorrer da decisão do Conselho de Guardiães  - uma assembleia nomeada pelo líder espiritual que aprova os candidatos a todos os cargos políticos -, que excluiu também da lista o antigo Presidente Akbar Rafsanjani. Este aceitou a decisão e não tentará contestá-la, segundo a BBC.

Após exercer dois mandatos, Ahmadinejad não pode candidatar-se mais ao cargo. Esperava, contudo, conseguir alguma forma de continuidade ao patrocinar um dos seus maiores aliados. Mashaei é o chefe de Gabinete do Presidente iraniano. Entre 2009 e 2010 esteve à frente do Centro Presidencial e chegou a ser vice-primeiro-ministro, durante uma semana em 2009, antes de ser afastado por decisão de Khamenei que o considera um político com "tendências derivativas", ou seja não é um conservador puro.

Rafsanjani, por seu lado, era visto como podendo ganhar o apoio dos reformistas nas presidenciais, que se realizam a 14 de Junho.Segundo vários media ligados ao Estado iraniano, só oito das 698 pessoas que se registaram como candidatos permanecem na corrida.

O Conselho dos Guardiães fizera saber que excluiria candidatos com debilidades físicas, o que foi lido como uma confirmação de que Rafsanjani, com 78 anos, ficaria de fora. Rafsanjani foi um dos homens que construiu o regime islâmico no Irão, mas nos últimos anos começou a ser criticado pelos ultraconservadores, que o acusam de ter manifestado demasiada proximidade com a oposição reformista. Em 2011, perdeu o seu lugar na liderança da poderosa Assembleia de Peritos, um grupo de religiosos que nomeia e vigia a actuação do guia supremo.

Entre os validados estão o principal negociador para o nuclear, Said Jalili, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Ali Akbar Velayati, o presidente da câmara de Teerão, Mohammad Baqer Qalibaf, e o ex-presidente do Parlamento Gholam-Ali Haddad-Adel. Todos são figuras conservadoras e leais ao ayatollah Khamenei.

Autorizados a concorrer foram o antecessor de Jalili, Hassan Rohani, o ex-vice-presidente Mohammad Reza Arer e Mohammad Gharazi, um antigo ministro, nomes da época do reformista Mohammad Khatami mas pouco conhecidos.
 
 

 
 

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