Em casas de banho ou deitados no chão, miúdos da primária tentaram sobreviver

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A escola de Plaza Towers ficou quase completamente destruída REUTERS/Richard Rowe

Ali houve uma escola: um edifício principal, alguns secundários. Cerca de 440 alunos, desde o jardim-escola ao ensino básico. Imagens aéreas do local onde estava a escola primária Plaza Towers mostravam apenas algumas paredes de pé entre um enorme amontoado de destroços. Muitos alunos foram aqui apanhados pelo tornado que devastou Moore, subúrbio da cidade de Oklahoma, na segunda-feira.

Primeiro, foi o pânico. Dezenas de crianças refugiaram-se na casa de banho das raparigas depois de ouvirem as sirenes de alerta. Outras correram para os corredores, baixaram-se. Depois, outro barulho, o do tornado, “como um comboio”, como contou Damian Britton, aluno do 4.º ano.

“Uma professora, a miss Crossway, estava a segurar-me a mim e ao meu amigo Zachary. Mas eu disse-lhe que estávamos bem, estávamos agarrados a coisas. Ela foi ajudar o meu amigo Antonio e ficou por cima dele. Salvou as nossas vidas”, contava Damian. Vários professores protegeram assim os alunos dos destroços que voavam. Tudo demorou uns cinco minutos, estima Damian. Quando o tornado acabou de passar, havia só “um monte de coisas atiradas de um lado para o outro”. “Os carros estavam virados ao contrário”, lembra Damian.

Bobby Kline foi um dos que se abrigaram na casa de banho das raparigas. Descreve o mesmo barulho de comboio que Damian. “Viam-se coisas a voar.” A mãe de Bobby, Brandi, estava no emprego quando o tornado passou. Mal pôde, correu para a escola dos filhos, onde esperou em pânico 45 minutos até receber um telefonema deles. Voltaram para casa — só sobrava metade. “Tenho sorte. Ainda tenho metade da minha casa, todos os vizinhos perderam tudo. E está tudo está bem desde que os meus filhos estejam a salvo. Isso é que é importante.”

Uma fotojornalista da Associated Press, Sue Ogrocki, conta que ao chegar a Moore viu “um grupo de pessoas perto de um monte de destroços demasiado grande para ser uma casa”, relata. “Uma mulher disse-me que tinha sido uma escola.”

“As paredes foram-se”, comentava um repórter da estação de televisão local KFOR, Lance West, ao chegar ao local. “Paredes de cimento com dez centímetros de espessura estão totalmente desfeitas.”

Inicialmente, pais chegaram a deitar abaixo linhas eléctricas com a pressa de chegar à escola e ver os filhos, conta a KFOR.

As operações de resgate começaram sem demora. Em silêncio, para que se pudessem ouvir crianças que pedissem ajuda (a autoridade de aviação restringiu mesmo o tráfego aéreo na zona por causa do ruído), e de modo ordeiro, notou a fotógrafa. “Pais e voluntários, em linha, passavam as crianças de uns para os outros”, até as deixarem num centro de triagem. Sue Ogrocki fotografou uma dúzia de miúdos saídos dos escombros. “Foquei a cara de cada um. Alguns estavam confusos. Outros choravam. Outros pareciam aterrorizados”, contou. “Mas estavam todos vivos.”

As autoridades reviram em baixa o número de crianças mortas para nove, e sete eram desta escola. O trabalho nos escombros deixou entretanto de ser uma operação de resgate. Passou a ser de recolha de corpos.

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