Presidente do Bundesbank ataca política seguida pelo BCE

Jens Weidmann diz que a descida das taxas de juro da dívida pública afasta pressão para resolver as causas da crise.

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Jens Weidmann diz que a França tem de "levar a sério" a redução do défice excessivo Kai Pfaffenbach/Reuters

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, tem sido crítico do BCE, e este domingo voltou ao ataque, sustentando que a política monetária seguida é contraproducente quando se pretende resolver o problema da dívida pública que afecta muitos dos Estados-membros.

“Temo que o bom comportamento dos mercados financeiros, com destaque para a baixa do nível dos juros da dívida pública” faça com que “se combata as causas da crise com menos pressão”, afirmou o responsável do banco central alemão em entrevista publicada este domingo no Bild am Sonntag, citado pelo El País.

O certo é que, desde o momento em o presidente do BCE, Mario Draghi, assumiu que tudo faria para preservar a moeda única, incluindo um programa de compra ilimitada de dívida soberana no mercado secundário (e ao qual Portugal pretende aderir), os juros cobrados pelos investidores nas transacções de dívida têm vindo a descer, o que facilita o financiamento Estado (e das empresas).

De acordo com uma análise do BPI emitida na sexta-feira, o mercado de dívida dos países periféricos, “tem vindo a mostrar-se menos turbulento e mais procurado pelos investidores, numa lógica de rentabilidade e de diversificação de activos”.

No caso das Obrigações do Tesouro a 10 anos, a taxa implícita da Grécia situa-se nos 8,15% (contra os 28,1% de há um ano), valor que no caso português desce para 5,2% (era 11,1%). Já Espanha e Irlanda estão nos 4,21% e 3,43%, respectivamente (contra 6,2%, e 7,3%). E, se isso não agrada a Weidmann, por receios no ritmo de implementação de medidas, o mesmo se passa com o corte da taxa directora decidida pelo BCE, que desceu de 0,75% para 0,5%.

Na lista de críticas, sobrou ainda espaço para visar a França: o país tem uma responsabilidade acrescida pelo seu peso na Europa, pelo que, diz Weidmann, tem de “levar a sério” a redução do défice para menos de 3% do PIB.

 
 
 
 
 

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