PIB da zona euro recuou 0,2% no primeiro trimestre

Crescimento modesto na Alemanha e recessão em França e Itália agravaram números.

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Para a Fitch, Irlanda, Portugal e Espanha têm melhores perspectivas de subida de rating do que Itália, Grécia ou Chipre Alex Domanski/Reuters

A recessão continuou a afectar a zona do euro no primeiro trimestre, com o Produto Interno Bruto a diminuir 0,2%, anunciou, nesta quarta-feira, o Eurostat, o instituto de estatísticas da União Europeia numa estimativa inicial.

Este resultado é pior do que o esperado: a maioria dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires previam uma queda de 0,1%, depois de este ter caído 0,6% no quarto trimestre de 2012.

Mas esta previsão começou a revelar-se demasiado optimista quando, esta manhã, os gabinetes de estatística de vários países da zona euro revelaram os seus números de crescimento, que mostram uma recuperação modesta na Alemanha, com um pequeno aumento de 0,1% do PIB no primeiro trimestre. Os analistas esperavam melhor da maior economia da Europa, apontando para um crescimento de 0,3%.

Por sua vez, a França está oficialmente em recessão: o PIB da segunda maior economia da zona do euro caiu 0,2% no primeiro trimestre, após uma contracção de magnitude semelhante no último trimestre de 2012.

O Produto Interno Bruto italiano caiu 0,5% nos primeiros três meses de 2013, depois de ter contraído 0,9% no último trimestre de 2012. O país está em contracção há sete trimestres consecutivos, o que faz com que esta seja a mais longa recessão desde 1970, data dos primeiros registos trimestrais.

A zona euro, que entrou em recessão no terceiro trimestre de 2012, registou assim a sua quarta queda trimestral consecutiva do PIB.

Em relação a toda a União Europeia, o PIB caiu 0,1% em relação ao trimestre anterior, segundo o Eurostat.

Em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o PIB diminuiu 1,0% na zona euro e 0,7% na UE.

Enquanto isso, os Estados Unidos viram o seu PIB crescer 0,6% no primeiro trimestre de 2013, depois de um ligeiro aumento de 0,1% no quarto trimestre de 2012.

Segundo o Eurostat, o maior crescimento do PIB registou-se na Lituânia (1,3%) e Letónia (1,2). Segue-se a Hungria (0,7), o Roménia (0,5) e o Reino Unido (0,3). Com fraco ou nenhum crescimento estão, além da já referida Alemanha, a Bélgica (0,1), a Bulgária (0,1), a Polónia (0,1) e a Áustria (0,0).

Já em terreno negativo, juntando-se a Portugal, França e Itália, ficaram Chipre (-1,3%),  Estónia (-1), República Checa (-0,8), Espanha (-0,5), Holanda (-0,1) e Finlândia (-0,1). Não há dados para a Grécia.

Crise económica estende-se para o leste
Os países da Europa Central e de Leste estão a ser gradualmente apanhados pela crise e alguns dos ex-campeões do crescimento como a Polónia e Estónia estão em desaceleração, enquanto a República Checa entra em recessão.

O produto interno bruto (PIB) na Polónia, um dos pesos pesados da região aumentou apenas 0,1% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior. Um número particularmente baixo para um país que estava em recuperação económica impulsionada pelos fundos comunitários.

A Polónia, com os seus 38 milhões de habitantes, é de longe a maior economia entre os países ex-comunistas que aderiram à UE e o único entre os 27 que continuou a crescer durante a crise que surgiu em 2008

"A economia polaca atravessa agora uma fase de desaceleração", disse Monika Kurtek, economista-chefe do Banco Pocztowy.

Ao longo de 2012, a Polónia viu o seu PIB crescer 1,9%, contra 4,5% em 2011.

"Esperamos uma melhoria na segunda metade do ano, desde que, no entanto, haja uma recuperação da actividade económica nos mercados que absorvem as exportações polacas", disse Ludwik Kotecki, economista-chefe do Ministério das Finanças polaco.

Fortemente dependente das exportações para os países da zona euro e da Alemanha em particular, a economia polaca poderia crescer 1,3% este ano, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional. Uma perspectiva agora contrariada pelos números do Eurostat para a zona euro e Alemanha.

Largamente dependente da produção e exportação de automóveis, a economia checa está a afunda-se na maior recessão de sua história moderna. No primeiro trimestre, o PIB caiu 0,8%, o sexto trimestre consecutivo de declínio.

"Os números do primeiro trimestre foram claramente uma decepção", disse Tomas Vlk, analista da banco Patria Finance. A maioria dos analistas esperavam uma queda de apenas 0,1%.

"A recessão da economia checa não está perto do fim, antes pelo contrário, está pior", alertou Petr Dufek, analista do banco CSOB.

Membro da UE desde 2004, mas não na zona euro, a República Checa entrou em recessão no final de 2011. Em 2012, o PIB caiu 1,2%, depois de subir 1,9% em 2011.

A vizinha Eslováquia, um membro da zona euro e outro dos países cuja economia depende fortemente de produção de veículos e electrónica, desacelerou, com o PIB a subir 0,3% no primeiro trimestre quando comparado com o trimestre anterior.

Ao longo de 2012, o PIB da Eslováquia cresceu 2,0%, após um aumento de 3,2% em 2011.

A Estónia, o último país que entrou na zona euro, que pulava à frente da UE com um crescimento recorde de 8,1% em 2011, começa a ver uma sobra sobre as suas perspectivas económicas.

O PIB dos países bálticos caiu 1,0% no primeiro trimestre e a taxa de desemprego está a subir novamente para 10,2%, após 9,3% no último trimestre de 2012.

Numa base anual, o crescimento é de apenas 1,0% no primeiro trimestre, depois de ter crescido 3,2% em 2012.

Na Letónia, que espera aderir à zona euro em Janeiro de 2014, o crescimento desacelerou para 1,2% no primeiro trimestre, após atingir 5,6 em todo o ano passado, o melhor resultado dentro da UE.

No entanto, a "boa notícia vem da Hungria e Roménia", disseram os analistas da Capital Economics.

A Hungria saiu da recessão que a atingiu em meados de 2012, com um aumento de 0,7% do PIB no primeiro trimestre de 2013 enquanto a Roménia viu o seu PIB da Roménia crescer 0,5%.

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