O sex appeal da Galega não (a)traiu os touros em fuga, já cansados

GNR volta hoje a tentar capturar os dois bovinos de meia tonelada e perigosos, com recurso a dardos tranquilizantes e laços.

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Falhou o plano de usar uma vaca no cio para capturar os dois touros Nuno Alexandre Mendes

Durante cerca de seis horas, a vaca, de nome Galega, esteve amarrada a um eucalipto, nos montes de Outeiro, Viana do Castelo, a tentar atrair os dois touros que andam fugidos desde segunda-feira. Mas, o plano das autoridades para recapturar os animais, considerados perigosos, falhou.

As operações são retomadas esta sexta-feira, mas já sem a vaca no cio. Ontem, as buscas começaram de manhã, mas intensificaram-se às 13h30, com a entrada em cena da Galega. Os touros ainda rondaram a vaca, mas acabavam por fugir ao mínimo ruído, para frustração das equipas do Serviço Protecção da Natureza e do Ambiente (Sepna) da GNR que não chegaram a disparar os dardos tranquilizantes com que se municiaram.

Num terreno muito acidentado e de densa vegetação, os animais facilmente desapareciam do alcance dos nove militares, apoiados pela veterinária da Cooperativa Agrícola de Viana. As operações, que contaram ainda com a ajuda de familiares do criador dos touros e da vizinhança, foram dadas por concluídas pouco antes das 20h.

Exausto, o sexagenário Manuel Farinhoto, o dono dos touros, reconheceu a derrota com elegância, sem culpar a Galega. O agricultor que, também trouxe um balde de ração como isco para os bovinos tresmalhados, explicou que, nesta altura, com o cansaço, os touros “já nem das vacas querem saber”. “Estão cansados, todos pisados, mas raivosos e não querem nada com ela. Se ela ficasse durante a noite talvez viessem, mas o dono da vaca não deixa, nem há gente para actuar nessa altura”, explicou.

Manuel Farinhoto não vê a hora para que este “martírio” termine. Receia que os touros ataquem alguém ou causem danos.

Ilídio, o dono da Galega, vê o caso complicado: “No local onde estão, não vai ser nada fácil apanhá-los”. E também isenta a vaca no cio, que só comprou há três meses, de responsabilidades pelo falhanço na captura dos touros: “A culpa não foi da vaca, ora essa. Eles é que não compareceram”, rematou, arrancando uma gargalhada aos moradores da zona que não têm perdido pitada do desenrolar dos trabalhos. Dão palpites e avançam estratégias de captura. A Galega vai de regresso a casa. “Toda a tarde à espera e, nada”, despede-se Ilídio por ela.

Segundo o sargento Jorge Cruz, chefe do Sepna, a operação é hoje reactivada, mal os touros sejam avistadoscom os mesmos meios de ontem, menos a vaca: “Temos os tranquilizantes, os laços e, em ultimo recurso, a arma de fogo”, adiantou, referindo-se à metralhadora G3 que só será utilizada no caso de estarem em perigo vidas humanas. O militar adiantou que, tal como até agora, a estratégia será adequada “ao evoluir da situação” e garantiu que a população está avisada para, ao mínimo sinal dos touros, dar o alerta. Do mal o menos: “Enquanto os touros estiverem na floresta correm-se menos riscos do que se estiverem próximos das populações”.

Os dois animais fugiram na segunda-feira de uma quinta da freguesia de Perre, em Viana. Um deles, o mais agressivo, conseguiu libertar-se das cordas que o puxavam para o camião que devia conduzir os dois bovinos ao matadouro. Tinham como destino final um talho de Ponte de Lima. No meio da confusão, o outro touro, que até já estava no camião, também conseguiu fugir, campo fora e montes acima. Têm sido avistados, e de novo perdidos de vista, por zonas de mato da freguesia vizinha de Outeiro. Ora juntos, ora cada um por si.
 
 
 

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