Sindicatos dizem que reforma aos 66 anos é impossível para os motoristas

Carta de pesados caduca aos 65 anos. FECTRANS quer explicações ao Governo.

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Sindicato fala de falta de sensibilidade das novas medidas para os trabalhadores dos transportes Gonçalo Português (arquivo)

A Federação dos Sindicatos dos Transportes (FECTRANS) quer explicações do primeiro-ministro sobre o aumento da idade da reforma para 66 anos, já que a carta de condução dos motoristas caduca aos 65 anos.

Segundo o dirigente da FECTRANS, Vítor Pereira, a federação de sindicatos considera esta situação inadmissível e perigosa e irá pedir na segunda-feira uma audiência ao primeiro-ministro para exigir explicações.

“A FECTRANS fez chegar ao Governo que essa lei [fórmula de sustentabilidade das pensões] não podia ser aplicada aos motoristas de veículos pesados de mercadorias porque a lei prevê que as pessoas, para não serem penalizadas na reforma, têm de prolongar a sua vida activa. Os motoristas não podem prolongar a sua vida activa para além dos 65 anos visto que a sua carta caduca aos 65 anos”, afirmou o dirigente sindical.

“Vamos pedir uma audiência ao senhor primeiro-ministro. O senhor primeiro-ministro tem que nos explicar como é que os motoristas de pesados de passageiros podem prolongar a sua vida activa se não têm carta de condução ou então têm de explicar às empresas como vão ter motoristas durante um ano sem poderem conduzir”, afirmou ainda.

Segundo Vítor Pereira, a decisão do Governo anunciada nesta sexta-feira de aumentar para 66 anos a idade da reforma sem penalizações revela “uma falta de sensibilidade para o problema” e referiu que aos 63 ou 64 anos “a maioria dos condutores já se andam a arrastar porque as suas condições físicas já não são as melhores”, uma vez que se trata de uma profissão no seu entender “altamente desgastante”.

O prolongamento da vida ativa dos motoristas, considerou, é “torturar estes trabalhadores” e acaba por pôr em causa a vida dos motoristas e também a segurança nas estradas.

Vítor Pereira disse ainda que manifestaram estas preocupações a propósito da fórmula de sustentabilidade que serve para calcular as pensões ao anterior e ao actual Governo mas que estes “não se dignam a alterar a lei” e como tal vão tentar conversar novamente com o executivo.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou na sexta-feira numa declaração ao país um pacote de medidas que vai poupar nas despesas do Estado 4,8 mil milhões de euros, até 2015. Algumas das medidas são o aumento do horário de trabalho da função pública das 35 para as 40 horas, a redução de 30 mil funcionários públicos e o aumento da idade da reforma para os 66 anos de idade.

O Governo pretende também criar uma contribuição sobre as pensões e prevê o aumento das contribuições para os subsistemas de saúde dos trabalhadores do Estado (nomeadamente a ADSE) em 0,75 pontos percentuais já este ano e mais 0,25% no início de 2014.

O primeiro-ministro anunciou ainda que o Governo pretende limitar a permanência no sistema de mobilidade especial a 18 meses e eliminar os regimes de bonificação de tempo de serviço para efeitos de acesso à reforma.

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