Deco admitia cobrar ao vencedor do leilão 15 euros por cada cliente angariado

Associação rejeita críticas e garante que sempre esteve em cima da mesa a possibilidade de o vencedor do leilão pagar uma comissão.

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A campanha Pague Menos Luz atraiu mais de 587 mil inscritos Enric Vives-Rubio

A Deco, que organizou um leilão para o fornecimento de electricidade a preços mais baixos, incluiu uma taxa de 15 euros ao vencedor do leilão por cada cliente angariado, avança a Rádio Renascença.

A campanha da associação de defesa do consumidor Pague Menos Luz, destinada a conseguir negociar melhores preços de electricidade, atraiu mais de 587 mil inscritos.

Vários operadores não participaram no leilão – Galp Energia, Gas Natural Fenosa e Iberdrola. Segundo o Dinheiro Vivo, de fora ficou também a EDP, o principal operador no mercado de electricidade.

No leilão, os consumidores inscritos negociaram directamente com as empresas um preço mais baixo para todos os inscritos. Os operadores foram convidados a fazer “uma oferta vantajosa”, ganhando a tarifa mais baixa.

A Deco desvalorizou as críticas às condições do leilão que promoveu, considerando que “é uma tentativa de desviar a atenção do essencial”.

“Desde o primeiro momento demos conta que haveria a possibilidade de haver o pagamento de uma comissão de angariação [pelos operadores] e nenhuma das empresas apresentou [a condição] como elemento impeditivo para não ir a concurso”, disse à Lusa a porta-voz da Deco, Rita Rodrigues.

A Galp anunciou na quinta-feira que “decidiu não participar” na iniciativa devido às condições impostas pela associação de defesa do consumidor, criticando a obrigação de pagar uma comissão por cada cliente contratado.

A responsável da Deco admite que o pagamento de uma comissão de angariação é “uma hipótese”, considerando que é uma condição habitual neste tipo de negociação. No entanto, Rita Rodrigues sublinha que “nenhuma das empresas apresentou esta condição como elemento impeditivo para não ir a concurso”.

A responsável da Deco disse estranhar que “nem todas as empresas estejam a respeitar” o pacto de confidencialidade em relação às negociações que elas mesmo solicitaram.

Segundo a Galp, “as condições impostas aos operadores para participarem no referido leilão, nomeadamente o pagamento de uma comissão por cada cliente contratado, não permitiam a elaboração de uma oferta competitiva para as famílias portuguesas e com racionalidade económica”.

Ao Dinheiro Vivo a Iberdrola tinha avançado que, “analisadas as condições do leilão e a situação actual do mercado de energia, não vai poder apresentar uma proposta que esteja em linha com as expectativas da Deco e dos consumidores”.

Quando, em Fevereiro, anunciou o leilão, a Deco explicou que poderia vir a cobrar uma comissão por cada contrato assinado junto do fornecedor que ganhasse o leilão.

A campanha da Deco Pague Menos Luz terminou na terça-feira, com mais de 587 mil inscritos. O leilão realizou-se na quinta-feira e o vencedor é divulgado hoje. Nos 15 dias seguintes, os consumidores serão informados do preço e das exactas poupanças potenciais conseguidas com o novo contrato, que poderão ou não aceitar.

A associação indicou então que quer “privilegiar” os associados e só irá reter o valor dos não associados “para cobrir os custos administrativos, de organização, de publicidade, de gestão e o investimento em programas”.
 
 
 
 

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