Curt Hess já esteve em Lisboa e reafirmou compromisso com o mercado português

Responsável do Barclays recusou comprometer-se com prazos de conclusão do inquérito interno à operação portuguesa

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Processo de rescisões arrancou a 15 de Março Mafalda Melo/Arquivo

O presidente do Barclays para a Europa e o Médio Oriente, Curt Hess, fez, na passada esta sexta-feira, uma passagem relâmpago por Portugal para se encontrar com alguns colaboradores para falar sobre os recentes acontecimentos que envolveram a operação portuguesa. Para além da suspensão da administração do Barclays Portugal, liderada por Peter Mottek, ainda que temporária para dar seguimento a um inquérito interno decretado pela casa mãe por suspeita de más práticas, a operação nacional está a ser investigada pela Autoridade da Concorrência (AdC), por eventual cartelização com outros bancos.

A deslocação de Curt Hess a Lisboa, onde esteve escassas horas, tendo partido ao início da noite de sexta-feira, apanhou de surpresa a generalidade dos trabalhadores que na véspera tinham recebido uma carta, redigida pelo próprio presidente do Barclays Europa, com a indicação da suspensão da administração de Peter Mottek para facilitar um inquérito interno a eventuais más práticas. 

O CEO chegou à capital portuguesa acompanhado de Jaime Echegoyen, que vai tomar as rédeas do Barclays Portugal, numa visita pré-anunciada na mesma missiva, enviada na quinta-feira passada, e onde, sem dar detalhes, avisou que queria “passar algum tempo [com os trabalhadores] e ouvir sobre o que estão a sentir”, pelo que, “nos próximos dias, [pretende] estar em Portugal”. No dia seguinte, Hess aterrou no aeroporto da Portela.

A reunião com o CEO juntou nas instalações do grupo, no Edifício Colombo na Avenida do Colégio Militar, cerca de uma centena de funcionários do Barclays Portugal, que atravessa também um processo de reestruturação que levou à saída de cerca de 400 trabalhadores e ao encerramento de vários balcões. No seu discurso, Curt Hess, tranquilizou a audiência quanto ao “compromisso” do grupo inglês com o mercado português, “que é para manter”, mesmo se as mudanças na instituição não tenham ainda terminado.  Hess pertence à equipa do novo presidente do grupo inglês, Antony Jenkins (nomeado no Verão de 2012), que tem vindo a substituir todos os gestores alinhados com o anterior CEO do Barclays, Robert Diamond (obrigado a demitir-se ).

Inquirido sobre quanto tempo vai demorar o inquérito interno à operação portuguesa, o CEO do Barclays Europa respondeu, mas sem se comprometer com prazos: “O tempo que demorar o inquérito.” Hess explicou também que a decisão de suspender os gestores da filial portuguesa, Peter Mottek, António Nunes da Silva, Ana Paula Alves e Sérgio Muñoz, “não tem qualquer significado", pois “tratou-se de um procedimento normal que existe sempre que ocorre um inquérito”, não existindo processo disciplinar ou nota de culpa. A iniciativa, reafirmou, “destina-se a facilitar as investigações”.

Instado a comentar as averiguações da Autoridade da Concorrência sobre a suspeita de práticas de cartelização da banca portuguesa, envolvendo a operação portuguesa do Barclays Londres [foi a casa mãe inglesa que denunciou as alegadas irregularidades relacionadas com o Barclays Portugal, mediante um acordo de protecção], Hess apenas concedeu que “existem dois inquéritos [o da AdC e o do Barclays Londres] a decorrer em paralelo, mas não estão relacionados um com o outro”, não acrescentando mais detalhes.

 

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