Mais velho dos irmãos Tsarnaev foi investigado em 2011 pelo FBI

Averiguações foram feitas a pedido de um governo estrangeiro que suspeitava que o jovem de origem tchetchena era seguidor do Islão radical. FBI não encontrou indícios que confirmassem suspeita.

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Tamerlan no final de um torneio de boxe, em 2010, no estado do Massachusetts Julia Malakie/The Sun of Lowell/Reuters

O FBI confirmou que, no início de 2011, investigou suspeitas levantadas por “um governo estrangeiro” sobre Tamerlan Tsarnaev, o mais velho dos dois irmãos acusados da autoria dos atentados contra a maratona de Boston. Na altura, as averiguações não encontraram nada de suspeito e o caso foi arquivado.

A revelação foi feita após a captura de Dzhokar Tsarnaev, de 19 anos, no final de um dia de intensa caça ao homem que levou as autoridades a colocarem em estado de sítio boa parte da área metropolitana de Boston.

Em comunicado, a polícia federal norte-americana não revela qual foi o país na origem das suspeitas, mas tudo leva a crer que o pedido enviado às autoridades norte-americanas tenha partido da Rússia, para onde o Tamerlan Tsarnaev viajou meses depois, alegadamente para visitar os pais, oriundos da Tchetchénia e actualmente a residir na vizinha república autónoma do Daguestão.  

Segundo o FBI, o pedido de averiguações referia que Tamerlan “era um seguidor do Islão radical” que teria “mudado drasticamente desde 2010” e se preparava para “viajar até à região do dito país para se juntar a grupos ilegais não especificados”. Agentes federais questionaram o jovem, então com 24 anos, e alguns familiares, passaram em revista as suas comunicações, “eventuais ligações a pessoas suspeitas, os seus registos de viagens e percurso académico”. “O FBI não encontrou qualquer indício de actividade terrorista, interna ou externa, e esses dados foram fornecidos ao Governo estrangeiro no Verão de 2011”, lê-se no comunicado, adiantando que depois disso não recebeu mais informações sobre o jovem.

A notícia de que Tamerlan já tinha estado sob o radar dos serviços federais, sem que tenha levantado suspeitas, promete revelar-se, ainda assim, um embaraço para o FBI. Ouvido pela CNN, o presidente do comité de Segurança Interno da Câmara dos Representantes, o congressista republicano Michael McCaul, classificou a notícia de “muito preocupante” e prometeu pedir explicações.

O jornal New York Times adianta que responsáveis norte-americanos tentam agora apurar exactamente o que fez e com quem se encontrou Tamerlan quando, no início de 2012, viajou para a Rússia. O pai dos dois rapazes garante, porém, que o jovem passou a maior parte do tempo na casa da família em Makhachkala, a capital do Daguestão. Em entrevista à agência russa RIA-Novosti, Anzor Tsarnaev confirma que foi com o filho à Tchetchénia mas apenas “para visitar familiares”. Durante toda a estadia “só esteve em contacto comigo e com os primos dele”.

Na entrevista, Anzor e a mulher, dizem não acreditar que os dois rapazes sejam os responsáveis pelos atentados de Boston e sugerem mesmo que possam ter sido incriminados. “Eles sabiam tudo o que o meu filho fazia, todos os sites que ele visitava, seguiam todos os seus movimentos”, afirmou Zubeidat Tsarnaeva, acusando o FBI de “ter medo de Tamerlan porque ele era um líder, sabia defender-se e falava muito sobre o Islão”.
 
 

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