Obama: "Nós seguimos em frente, é a nossa força. Uma bomba não nos vence"

Os norte-americanos não vão ser derrotados, garantiu Obama em Boston. Vão correr, vão continuar o seu modo de vida. "Porque é assim que somos."

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Obama, na cerimónia dedicada às vítimas: os americanos "podem cair, mas vão voltar a levantar-se" Kevin Lamarque/Reuters

O Presidente norte-americano, Barack Obama, fez um discurso forte de desafio aos "perpetradores desta violência sem sentido", o ataque que, na segunda-feira, atingiu a maratona de Boston, num serviço inter-religioso numa catedral da cidade.

Uma cidade que "não é só uma capital, é um perfeito estado de graça", disse Obama. O dia da maratona era um dia lindo. "De um momento para o outro, a beleza foi destruída. Um momento de celebração tornou-se numa tragédia", descreveu. Mas, continuou o Presidente, "reclamamos de volta o estado de graça. O espírito da cidade continua destemido. O espírito da nação continua destemido."

Obama dirigiu-se às famílias – "que perderam um pedaço do vosso coração". Falou das vítimas que morreram: Krystle Campbell, de 29 anos; Lu Lingzi, de 23 anos; e Martin Richard, de 8 anos. E falou também aos feridos que estão a recuperar (muitos foram atingidos nos pés e pernas, muitos sofreram amputações): "Para quem nos está a ver do hospital: vocês vão correr de novo", disse, recebendo um grande aplauso: "Vocês vão correr de novo, porque é assim que as pessoas de Boston são. Vocês vão correr, porque é a maior contrariedade que podem fazer às pessoas que nos fizeram isto".

"Face à crueldade, vamos escolher a compaixão", disse o Presidente. "Escolhemos a amizade. Escolhemos o amor."

"Vamos encontrar-vos. Vamos fazer justiça"
Aos autores do ataque, Obama disse: "Sim, vamos encontrar-vos. E, sim, vamos fazer justiça." Mais do que isso, Obama falou da manutenção dos valores dos norte-americanos. "A nossa fidelidade à nossa maneira de viver, a nossa sociedade aberta, vai ser a mesma."

Porque os americanos, tal como os maratonistas, podem cair, mas vão-se levantar: "Vamos continuar, vamos acabar a corrida. Isto não nos pára. Nós acabamos a corrida. Fazemo-lo porque é quem somos, e sabemos que, algures, um desconhecido tem água para nos oferecer, alguém está lá para nos ajudar a continuar, e nos ajudar a levantar, se cairmos. Sabemos isso", disse.

"Os perpetradores desta violência sem sentido, é isso que eles não percebem. A nossa fé em todos nós. Nós seguimos em frente, é a nossa força. Por isso, uma bomba não nos vence."

E, daqui a um ano, "na terceira segunda-feira de Abril, o mundo vai voltar a esta grande cidade americana para correr com ainda mais força, aplaudir ainda mais alto, a 118.ª maratona de Boston – podem crer".

Dois suspeitos?
Várias televisões e jornais americanos, incluindo o New York Times e o Washington Post, estão a citar fontes anónimas próximas da investigação que referem a existência de dois suspeitos (e não apenas um), identificados em imagens de câmaras de segurança situadas no local das explosões. Nem a polícia de Boston nem o FBI confirmaram oficialmente esta informação.

Comentando umas imagens divulgadas pelo tablóide New York Post, um porta-voz do FBI disse à AFP que os investigadores não divulgaram publicamente nenhuma "imagem de indivíduos relacionada com a investigação" e que "as imagens que não são provenientes do FBI não devem ser credíveis".

"Tudo aquilo que não é publicado por nós é pura especulação", acrescentou. "A investigação está em curso e nós iremos até onde ela nos levar."

“Estivemos a recolher vídeos de várias fontes”, explicou, por sua vez, Janet Napolitano, secretária da Segurança Interna, ouvida no Congresso. “Há alguns vídeos que levantaram questões e o FBI gostaria de falar com algumas pessoas. Não os caracterizaria tecnicamente como suspeitos, mas precisamos da ajuda do público para encontrar esses indivíduos.”

Napolitano sublinhou ainda que não é razoável esperar resultados rapidamente. “ A investigação está a decorrer a ritmo acelerado. Mais isto não é um episódio do NCIS”, disse a secretária da Segurança Interna, referindo-se à série televisiva Investigação Criminal. “Às vezes é preciso tempo para identificar os perpetradores. E todos estão empenhados em garantir que isso é feito”, garantiu.

Notícia actualizada às 21h47 Acrescenta declarações de Janet Napolitano

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