Tal como Martin também Lu e Krystle morreram no atentado de Boston

Duas jovens, uma chinesa e outra norte-americana, morreram no ataque em Boston na segunda-feira. Queriam assistir de perto ao final da maratona.

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Na Universidade de Boston é feita uma homenagem a Lu Lingzi Shannon Stapleton/Reuters
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Mensagens de condolência pela morte da estudante chinesa Stan Honda/AFP
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Colegas de Lu choram a sua morte Jared Wickerham/Getty Images/AFP
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Frases em memória de Lu Jared Wickerham/Getty Images/AFP
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Krystle ­Campbell tinha 29 anos Reuters
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A mãe de Krystle fez uma curta declaração aos jornalistas Brian Snyder/Reuters

Na tarde de segunda-feira, Lu Lingzi e Krystle ­Campbell queriam assistir o mais perto possível à maratona de Boston. Escolheram a meta, tal como dezenas de outras pessoas, incluindo a família Richards. Às 14h50 locais (19h50 em Lisboa), uma explosão, seguida de uma outra, provocou o terror na cidade e nos Estados Unidos. Às famílias de Lu Lingzi, 23 anos, Krystle ­Campbell, 29, e Martin Richards, oito, trouxeram a morte. Martin foi o primeiro rosto a surgir das vítimas do ataque. Mas há mais dois, o de uma norte-americana e de uma chinesa, e estão a inundar os jornais e as redes sociais.

A história de Martin já se tornou familiar. Uma criança que assiste com o pai, a mãe e os dois irmãos à maratona e que é vítima de um atentado, ainda sem explicações, que provocou a sua morte e a de duas jovens, deixando feridas mais de 170 outras pessoas, incluindo os pais e a irmã. As fotografias do menino de Dorchester estão por todo lado e as mensagens de apoio à sua família também.

A mais de 19 mil quilómetros de Boston, na véspera do ataque, a família de Lu Lingzi recebia em Shenyang, no nordeste da China, a notícia de que tinha passado num exame importante na Universidade de Boston. Na segunda-feira, e depois de várias tentativas de contacto com a jovem, os pais e amigos começaram a ficar preocupados com a falta de resposta de Lu Lingzi. Já sabiam do atentado. Estudantes de nacionalidade chinesa na mesma universidade começaram a procurá-la nas listas de vítimas nos hospitais, indica o Boston Globe. Uma das primeiras pistas que tiveram foi que a jovem tinha estado na meta da maratona acompanhada de um amigo, que se encontrava hospitalizado devido a ferimentos sofridos no ataque. Sobre a estudante não havia quaisquer informações.

O seu nome só foi conhecido como uma das vítimas mortais na noite de terça-feira, através de um jornal da sua terra natal e de posts colocados nas redes sociais. O consulado geral chinês em Nova Iorque recusou-se a avançar aos media norte-americanos a identidade da vítima, a pedido da família, indica o New York Times. A Universidade de Boston limitou-se a confirmar que de facto um dos três mortos era uma aluna.

Mesmo sem confirmação oficial e apenas com uma informação avançada pela imprensa chinesa, nada impediu que começassem a surgir fotografias de Lu Lingzi na Internet e que a sua conta no Weibo, um serviço de microblogging semelhante ao Twitter, recebesse milhares de mensagens. Comida, música e finanças. Foram estes os três interesses que a jovem destacou no Weibo. A sua última mensagem publicada é uma fotografia do seu pequeno-almoço na segunda-feira, uma das muitas que publicou para mostrar o dia-a-dia da sua “entusiasmante” vida nos Estados Unidos.

Estudante de comércio internacional no Instituto de Tecnologia de Pequim e depois de estatística na Universidade de Boston, Lu Lingzi queria ter sucesso no mundo das finanças e estava à procura de namorado. “Disse-me que queria arranjar um namorado o mais depresa possível. A família dela estava preocupada e achava que tinha que ajudá-la”, conta ao New York Times Lu Meixu, colega da jovem na Universidade de Boston. “Era optimista, extrovertida e muito trabalhadora”, descreve Ming Chen, que conheceu Lu Lingzi ainda na China. “Perdemos uma jovem promissora cientista”, acrescentou Tasso Kaper, director do departamento de Matemática e Estatística na Universidade de Boston.

O sorriso de Krystle ­Campbell
O que se tinha passado com Krystle ­Campbell após as explosões na maratona foi alvo de uma confusão no Massachusetts General Hospital. Tudo por que a sua identidade tinha sido confundida com a de uma amiga que também foi vítima do ataque. As primeiras informações dadas à família eram as de que Krystle tinha ficado gravemente ferida e que poderia perder uma perna. Quando o pai da jovem entrou no quarto onde lhe disseram que a filha estava e viu a amiga de Krystle , percebeu que o pior tinha acontecido. Foi-lhe confirmado que a filha tinha morrido.

A mãe de Krystle falou na quarta-feira, pela primeira vez, em nome da família Campbell. “Estamos destroçados pela morte da nossa filha”, disse Patty Campbell, cuja declaração foi emitida pelas estações de televisão norte-americanas. “Era uma pessoa maravilhosa. Era doce, carinhosa, amiga e estava sempre a sorrir”, disse ainda, amparada por familiares.

Krystle Campbell trabalhava como gerente de restaurante. Era conhecida por fazer turnos duplos mas as horas extra que trabalhava “não lhe tiravam o bom humor”, como testemunhou ao New York Times Laurie Jackson Cormier, uma amiga. O espírito trabalhador de Krystle era conhecido desde os tempos do liceu, altura em que começou a trabalhar como empregada de mesa em Medford, onde vivia com a família. Conseguiu chegar a gerente de restaurante e foi assim que chegou a Boston, onde trabalhou numa marisqueira. Vivia actualmente em Arlington, onde tinha arranjado um outro emprego.

A avó, Lillian Campbell, com quem Krystle viveu dois anos quando chegou a Arlington, lembra acima de tudo a alegria que a neta lhe transmitia. “Sempre que vinha cá a casa eram abraços e beijos”, conta a avó, que lamenta a perda da companheira de “conversas tolas”. Era muito extrovertida, como revelaram à Reuters alguns dos seus amigos. Lembram a sua paixão pela equipa de basebol Boston Red Sox e a forma como se transformava a cantar temas de Eminem ou Rihanna. Na sua página no Facebook são muitas as mensagens de amigos. “Estou chocado, atordoado e fora de mim”, lê-se num dos textos.

Na segunda-feira, Krystle e a amiga Karen decidiram assistir à maratona, junto à meta tal como Lu Lingzi e a família de Martin. Foram atingidas pelos estilhaços de uma das duas bombas que rebentaram. Começam a ser reveladas algumas informações sobre a construção dos engenhos que explodiram mas pouco se sabe sobre o responsável ou autores do ataque. O último dado tornado público pelas autoridades norte-americanas é que foi identificado um homem a partir de imagens recolhidas por câmaras de videovigilância instaladas na rua onde decorreram as explosões e ainda pelos registos de uma televisão local de Boston e recolhidos dos telemóveis de várias testemunhas oculares.
 

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