"O melhor da Casa das Histórias ainda está para vir"

Carlos Carreiras diz que "em Portugal há sempre quem prefira a vitória da cisão" mas que o novo acordo para o museu Paula Rego é "um triunfo da unidade e da esperança".

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A fotografia da assinatura do acordo divulgada nesta tarde pela câmara de Cascais DR

O novo acordo entre a pintora Paula Rego e a Câmara Municipal de Cascais (CMC), assinado nesta terça-feira em Londres, “aponta para o aprofundamento das relações entre Paula Rego, a sua família, e a CMC”, fez saber o presidente da autarquia, Carlos Carreiras, num comunicado em que sublinha o “perfeito acordo” das partes “não apenas quanto ao presente, mas também quanto ao caminho de futuro para a Casa das Histórias”, o museu que, em Cascais, está dedicado à obra de uma das mais celebradas pintoras portuguesas de sempre.

Depois da extinção da Fundação Paula Rego, confirmada a 8 de Março em Diário da República, o novo acordo confirma, segundo o comunicado, a permanência no museu de 574 obras de gravura e desenho correspondentes à doação da artista para o lançamento do museu, em 2004, e a totalidade do espólio contemplado por um acordo de comodato por dez anos assinado em 2006 e válido até 2016 correspondente a outras 70 obras, entre as quais 28 pinturas e 27 desenhos da artista bem como 15 pinturas de Victor Willing, o seu marido, que morreu em 1988. O comunicado não menciona a dissolução de um empréstimo designado como “comodato precário” que levou à devolução à artista de mais de 180 obras que esta tinha até há duas semanas em Portugal.

Tal como noticiado no último sábado pelo PÚBLICO, Paula Rego pediu a devolução de todas essas obras na sequência da extinção da fundação com o seu nome, depois da avaliação negativa que o Governo fez à actuação desta no censo lançado no princípio de 2012. No vasto grupo de obras devolvidas à artista estão alguns dos mais importantes trabalhos de pintura que Paula Rego tinha em Cascais, muitos dos melhores desenhos que estavam no museu e todos os modelos, os bonecos em papier-machê das teatralizações que servem de ponto de partida a muitos dos seus projectos.  

Eram 25 pinturas, sobretudo acrílicos dos anos 1980, mas também obras como O Exílio (1963) e trabalhos recentes importantes como Agonia no Jardim (2002), Morte da Virgem (2002), Visitação (2002) e o tríptico The Pillowman (2004), todos devolvidos a Londres num conjunto que, em Lisboa, estava segurado em mais de 5,7 milhões de libras (mais de 6,7 milhões de euros), com The Pillowman a representar sozinho 1,5 milhões de libras (1,7 milhões de euros) desse valor.

A Londres regressaram também 160 desenhos e 16 aguarelas, 15 das quais estudos para o políptico Ciclo da Vida da Virgem, o conjunto de oito quadros que em 2002 a artista pintou para a Capela do Palácio de Belém.

No comunicado, Carlos Carreiras diz que no futuro do museu está “um caminho com melhor gestão, mais rigor, mais projecção nacional e internacional”. Sem qualquer contextualização, o autarca surge também citado dizendo: “Em Portugal, há sempre quem prefira a vitória da cisão, da discórdia, da facção e do desespero. Infelizmente, para esses, este acordo é um triunfo da unidade e da esperança numa cultura melhor para Cascais e para o país.”

O título do comunicado é: “O melhor da Casa das Histórias ainda está para vir.” O texto do acordo assinado não foi tornado público em conjunto com o comunicado.  

 
 
 
 
 

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