“Começámos a fazer torniquetes e a atar pernas"

As explosões aconteceram com 12 segundos de intervalo e a um quarteirão de distância. A maioria das vítimas foi ferida nas pernas e há muitos amputados.

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A maioria das vítimas foi ferida nas pernas Reuters

Toda a gente viu muito sangue e muita gente a chorar. “Vimos pessoas a quem as pernas foram arrancadas”, contou à AFP Mark Hagopian, dono do hotel Mark, perto da linha da meta da maratona de Boston.

“Um já não tinha as pernas abaixo do joelho, mas estava vivo”.

O Centro Médico de Boston já confirmou que “a maior parte das vítimas foi ferida nas pernas”. Há pelo menos 110 feridos e dois mortos.

O polícia Roupen Bastajian tinh acabado a corrida quando ouviu as explosões. “Comecei a correr em direcção à explosão e havia pessoas no chão por todo o lado”, descreve, citado pelo site da BBC. “Começámos a fazer torniquetes e a atar pernas. Pelo menos 25 a 30 pessoas tinham pelo menos uma perna amputada, ou o pé, ou as duas pernas.”

Um perito em terrorismo que falou com as autoridades envolvidas na investigação disse à CNN que há pelo menos dez pessoas com membros amputados, sugerindo que as bombas foram desenhadas precisamente para "empurrar os fragmentos".

25 a 30 mil pessoas estavam inscritas na marona de Boston, uma corrida que teve a sua primeira edição em 1897. Quando as explosões aconteceram os melhores atletas já estavam a descansar nos hotéis ou a almoçar. Sobrava gente à beira do colapso, muitos apanhados pela explosão no momento em que pensavam ter chegado ao fim do esforço. Sobravam milhares de espectadores, a aplaudir e a gritar a chegada dos atletas amadores.

“Ouvimos um boom enorme, e o edifício estava a abanar. Depois, as pessoas começaram a gritar”, disse ao Los Angeles Times Maura Hauer, 23 anos, que estava no terceiro andar de um edifício duas portas ao lado do sítio onde a primeira bomba explodiu, na rua Boylston. Depois da explosão da segunda bomba, mais ao fundo na mesma rua, Hauer olhou pela janela e viu uma perna que tinha sido amputada. “Havia sangue em toda a rua Boylston. E vidro partido por todo o lado”, descreve. Depois, juntou-se milhares que já estavam em fuga.

“Eu tinha acabado de chegar ao fim e estava a recolher a minha medalha”, contou ao Boston Herald Mike McMahan, do Minnesota. “Depois, a segunda explosão aconteceu passados dez minutos. Dessa vez vi chamas”.

As voluntárias Jean Vieira, de 59 anos, e a sua sobrinha, Diane Tuffs, de 17 anos, estavam na linha da meta a distribuir cobertores quando ouviram as explosões. “Pareceram-nos canhões, dois disparos, um logo depois do outro”, disse Vieira ao Newsday. A seguir, viu uma torre de fumo alta de dois ou três andares dos prédios.

As duas mulheres dirigiram-se com os seus cobertores à zona onde os feridos começaram por ser assistidos, mas os organizadores disseram-lhes que fossem para casa. Um atleta contou-lhes ter visto feridos com amputações. “Ele disse que era como uma zona de guerra”, contou Vieira.

“Foi caótico”, disse ao Los Angeles Times o espectador Jeffrey Rothschild. “As pessoas estavam com medo e choravam”. Rothschild, que estava a 300 metros da linha da meta, descreve como à primeira explosão se seguiu o silêncio. Depois da segunda, a fuga.

O que se viu depende de onde se estava. O que Eric Giandelone, de Chicago, que já tinha acabado a corrida e estava perto da meta, viu foi que a segunda explosão apanhou mais gente porque as pessoas estavam a fugir da primeira na direcção da segunda.

Jim Bardin trabalha num edifício de escritórios entre as duas explosões. "Ouvi a primeira e o edifício abanou um bocado, e depois fui ver o que se passava a segunda bomba explodiu. As pessoas estavam em pânico - a multidão estava a tentar fugir o mais depressa possível", disse à CNN. "Visto de cima era o caos".

Notícia corrigida, onde se lia "1987", lê-se agora "1897".

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