Barragens do país chegaram a Abril cheias a 95%

As maiores albufeiras do país estavam cheias ou praticamente cheias e continuam a fazer grandes descargas.

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Portugal chegou ao fim de Março com 95% da capacidade de retenção de água nas suas barragens esgotada. Pelo menos 17 barragens – mais de um quarto do total do país – estavam a 100%, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Perto do limite máximo, e acima de 95%, havia mais oito. E ainda 12 estavam entre 90% e 95%.

Entre as albufeiras mais cheias estão as maiores do país. Alqueva, no Guadiana – a com maior volume – fechou o mês a 100%. Na bacia do Tejo, a barragem de Castelo de Bode, a segunda em volume de água, estava a 97,5%. Cabril e Pracana, também na bacia do Tejo, situavam-se nos 97%.

O balanço mensal do enchimento das barragens feito pela APA pinta de azul 11 das 12 bacias hidrográficas monitorizadas. Isto significa que o nível de armazenamento total nessas bacias estava acima de 80%, chegando a 99,7% no Guadiana e 97,4% no Tejo.

O país todo está a ser afectado por cheias moderadas, resultado da combinação de um mês de Março chuvoso com um dia de precipitação muito intensa, no domingo passado. Esta terça-feira, ainda havia dezenas de estradas cortadas.

A chuva encheu as barragens em Portugal e Espanha e muitas delas têm vindo a descarregar grandes quantidades de água. A albufeira de Castelo de Bode continua a fazer grandes descargas, de modo a baixar o seu nível. “Tentaremos minimizar os incómodos para as populações, reduzindo, logo que possível, os caudais lançados por Castelo de Bode e, em consequência, os caudais lançados no rio Tejo”, informa a EDP, numa nota escrita enviada ao PÚBLICO.

A principal preocupação agora é esvaziar um pouco as barragens, de modo a criar mais capacidade de encaixe, caso seja necessário. Para quarta-feira estão previstos períodos de chuva e aguaceiros, por vezes fortes, em Portugal continental. A chuva deverá estender-se pela porção espanhola das bacias hidrográficas transfronteiriças.

Para já, a situação nas barragens está estabilizada e a melhorar. “Já não há afluências maiores do que as descargas”, afirma Rui Rodrigues, responsável pela monitorização das cheias na APA.

Em Castelo de Bode, o nível de enchimento desceu de um pico de 120,91 metros – atingido no domingo – para a cota 120,37 metros, registada na manhã desta terça-feira. São apenas 54 centímetros, mas que significaram retirar da barragem 22 milhões de metros cúbicos de água – ou 22 mil milhões de litros.

A EDP encara “com algum optimismo” a situação das suas barragens nas diferentes bacias hidrográficas do país, dizendo que nas do Cávado, Douro, Lima e Mondego a tendência é de normalização.

Chegar ao mês da Março com as bacias tão cheias como agora não é situação inédita. Nas últimas duas décadas, pelo menos em cinco anos – 1991, 1996, 2001, 2010 e 2011 – o mapa do país esteve tão pintado de azul como agora, com as bacias hidrográficas entre 80% e 100% da sua capacidade.

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