Recolher obrigatório na Birmânia para travar violência entre budistas e muçulmanos

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Aspecto de Meiktila depois da violência da semana passada Soe Than Win/AFP

As autoridades birmanesas decretaram o recolher obrigatório nocturno em várias zonas a Norte de Rangum, numa tentativa para travar a violência entre budistas e muçulmanos que, nos últimos dias, provocou 40 mortos.

Nos últimos dias, várias mesquitas foram destruídas no centro do país e durante a noite de terça-feira, segundo informação da AFP, voltaram a ocorrer confrontos.

A violência entre budistas e muçulmanos começou na última semana em Meiktila, a centenas de quilómetros da antiga capital, Rangum, onde causou 40 mortos. Mas depois alastrou. Os confrontos mais recentes ocorreram na região de Bago, a Norte de Rangum.

“Uma mesquita e algumas casas foram destruídas em Nattalin”, região de Bago, disse um responsável policial. “Cerca de 200 aldeões vieram à cidade. A multidão destruiu uma mesquita e casas”, contou, sob anonimato, um residente que disse não ter havido vítimas.

Incidentes do género, com a destruição de mesquitas, ocorreram nos últimos dias noutros municípios da região, cerca de 150 quilómetros a Norte de Rangum. Dezenas de pessoas foram detidas por suspeita de participação nos confrontos.

Para tentarem impedir conflitos e motins, as autoridades impuseram o recolher obrigatório nocturno em Gyobinggauk, Oakpho e Minhla.

Em 2012, confrontos entre budistas da minoria étnica rakhine e a muçulmana da minoria apátriada rohingya fez mais de 180 mortos e 110 mil deslocados no oeste da Birmânia.

Na semana passada, na sequência de uma disputa entre um vendedor muçulmano e clientes, em Meiktila, provocou uma vaga de violência ainda por esclarecer. Quarteirões e mesquitas foram queimados e foram deixados nas ruas corpos calcinados. O Exército só conseguiu controlar a situação no sábado.

Segundo estimativas do Governo, mais de 12.000 pessoas foram deslocadas.

A Birmânia está a viver um período de abertura, após meio século de ditadura militar. Sinal da transição: a histórica líder oposicionista e Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, que esteve presa durante 15 anos, assistiu esta quarta-feira, pela primeira vez, ao desfile anual das forças armadas. 

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