Presidente de Chipre admite que país enfrenta um “acordo doloroso”

Numa comunicação ao país, no princípio da noite de segunda-feira, Nicos Anastasiades disse que o plano resgate “é a melhor solução”.

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Depósitos acima de 100 mil euros vão ter corte de 30% Nuno Ferreira Santos

Na sequência do acordo firmado com a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional, que prevê um empréstimo de 10.000 milhões de euros e implica a reestruturação do sistema financeiro, o Presidente de Chipre assumiu na segunda-feira à noite, numa comunicação televisiva ao país, que se trata de um “acordo doloroso”.

“O acordo a que chegámos é doloroso, mas, dentro das actuais circunstâncias, é a melhor solução que poderíamos ter”, referiu Nicos Anastasiades, acrescentando que o país “tem a obrigação de se levantar para escapar ao ciclo vicioso da recessão".

O Presidente cipriota sublinhou que as medidas previstas no plano de resgate “são temporárias” e que “serão reduzidas gradualmente”. E assegurou que o Governo “assumiu o compromisso de avançar com reformas específicas e prestará apoio a todos os que sejam afectados pelas dolorosas consequências”.

O acordo assinado com a troika implica o desmantelamento do Laiki, depois de transferidos os activos “sãos” do banco e os depósitos inferiores a 100 mil euros para o Banco de Chipre.

Os depósitos acima daquele valor, os accionistas e os detentores de títulos do banco serão chamados a contribuir na reestruturação, embora não sejam ainda conhecidos os moldes destas medidas. Sabe-se, para já, que os depósitos superiores a 100 mil euros no Banco de Chipre vão ter um corte de 30% de acordo com informações prestadas por um porta-voz do Governo cipriota.

O Laiki será, no entanto, responsável pela maior contribuição. Este banco, que reunirá todos os activos “maus”, começará a ser desmantelado desde já. Estima-se que esta operação seja suficiente para contribuir com 4200 dos 7000 milhões que as duas instituições financeiras vão ter de gerar para evitar a falência.

Na segunda-feira, o presidente do Eurogrupo deixou transparecer que o modelo encontrado para Chipre, em que são os grandes depositantes e accionistas dos bancos a assegurar o salvamento do sector financeiro, poderá ser reproduzido noutros países. Jeroen Dijsselbloem, que é também ministro das Finanças de Holanda, veio depois clarificar a posição, afirmando que “Chipre é um caso específico com desafios excepcionais”.
 
 

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