Chipre enfrenta dia decisivo para evitar a bancarrota

Contra-relógio para chegar a acordo antes da reunião do Eurogrupo de hoje à tarde, em Bruxelas.

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Hoje, só restam escolhas difíceis”, disse O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn REUTERS/Yannis Behrakis

Os governantes de Chipre e a troika continuam hoje as negociações para tentar fechar o acordo que impeça a bancarrota do país. O objectivo é selar o acordo a tempo de ser aprovado na reunião dos ministros das finanças europeus, ao final da tarde.

Ontem, o Governo de Chipre e a troika não se entenderam sobre os termos do resgate financeiro ao país e as negociações prosseguirão este domingo em Bruxelas, incluindo um encontro entre o Presidente de Chipre e a directora do FMI. “As negociações estão num momento muito delicado. A situação é muito difícil e as margens muito pequenas”, afirmou em comunicado o porta-voz do governo de Chipre, Jristos Stilianidis, no sábado à noite.

A fim de “continuar as negociações para a conclusão do acordo de empréstimo para resgate da economia”, o presidente Nikos Anastasiadis viaja para Bruxelas esta manhã, refere o mesmo comunicado. A equipa negocial cipriota inclui ainda o ministro da Economia, Mijalis Sarris, o líder do partido conservador, Averof Neofitu, entre outros altos responsáveis do governo e do banco central.

Ontem à noite, Anastasiadis divulgou uma mensagem no Twitter dizendo que espera chegar “em breve” a um acordo. “Trabalhamos com energia para salvar a economia. Estamos a fazer todos os esforços possíveis”, afirmou.
Em Bruxelas o presidente cipriota terá reuniões com as autoridades europeias e com a directora do FMI, Christine Lagarde, antes de participar na reunião do Eurogrupo, prevista para as 17h00, hora de Lisboa.

Novas exigências do FMI

As longas negociações entre as autoridades de Nicosia e a troika formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI) terminaram já depois da meia-noite na capital cipriota. Segundo a imprensa, o acordo foi impedido por novas exigências apresentadas pelo FMI.

No intervalo das reuniões um alto responsável cipriota foi citado pela agência de notícias de Chipre, CNA, dizendo que as negociações não estão “nem de perto nem de longe fechadas”, salientando que “a representante do FMI apresenta novas exigências a cada meia-hora”.

A agência grega AMNA e outros meios de comunicação social cipriotas avançaram que o Governo do Chipre acordou com a troika impor uma taxa de 4% a 20% sobre os depósitos bancários superiores a 100 mil euros.

A taxa de 20%, segundo fonte próxima das negociações citada pela AMNA, recai sobre os depósitos acima de 100 mil euros no Banco do Chipre, o maior banco cipriota. Para as contas de outras entidades financeiras, acima daquele valor, a taxa será de 4%.

Com a taxa do Banco de Chipre pretende-se evitar uma reestruturação semelhante à que está prevista para o segundo maior banco, o Laiki ("popular", em grego).

O objectivo do chamado “plano B”, é reunir os 5,8 mil milhões de euros a 7 mil milhões que exigem a troika e credores internacionais para a concessão de um plano de resgate de 10 mil milhões de euros.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, afirmou hoje que “só restam opções difíceis” a Chipre e que é “essencial” que um acordo sobre o plano de resgate financeiro no domingo. “Infelizmente, os acontecimentos dos últimos dias levaram a uma situação em que já não há soluções óptimas disponíveis. Hoje, só restam escolhas difíceis”, afirma Rhen em comunicado hoje divulgado.

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