UE vai ter em consideração preocupações russas, diz Barroso

Presidente da Comissão Europeia diz ser preciso corrigir o sistema financeiro cipriota.

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Barroso reconheceu que a Rússia não foi informada sobre o imposto, Medvedev considerou a medida inconsequente KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP

O presidente da Comissão Europeia prometeu hoje em Moscovo ouvir os dirigentes russos e ter em conta as suas apreensões ao resolver a crise do sistema bancário cipriota, que tem milhares de milhões de euros em activos russos.

Durão Barroso, que falava na conferência Rússia-União Europeia: possibilidades e parceria, perante o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, reconheceu que a Rússia não foi avisada das condições impostas a Chipre pela UE, que incluem a introdução de um imposto de 6,7% a 9,9% sobre os depósitos bancários.

Medvedev já na quarta-feira manifestara desagrado por a Rússia não ter sido associada às negociações sobre o resgate financeiro de Chipre.

Hoje, Barroso explicou que a Rússia não foi informada porque a primeira decisão foi tomada “muito cedo, no sábado de manhã”.

Porém, acrescentou que a UE está pronta a ouvir a Rússia, frisando que irá abordar o tema nos encontros com os dirigentes russos e que as suas apreensões serão tidas em conta.

“Eu conheço os interesses da Federação da Rússia neste campo e claro que nós, Comissão Europeia, realizamos consultas com a Federação Rússia há já algum tempo”, declarou.

Segundo Durão Barroso, era necessário tomar medidas para corrigir o sistema financeiro cipriota, “que está exageradamente inflacionado, é oito vezes superior ao PIB desse país”.

Na mesma conferência, Medvedev considerou imprevisível e inconsequente o esquema proposto pela União Europeia para resolver a crise no sistema bancário cipriota.

“Parece-nos que o esquema proposto para resolver os problemas financeiros provoca, suavemente falando, surpresa pela sua imprevisibilidade e inconsequência, já foi várias vezes sujeito à revisão”, declarou ele, numa conferência Rússia-União Europeia: possibilidades e parceria, que decorre hoje em Moscovo.

Medvedev defendeu que o plano de saneamento do sistema bancário cipriota deve ser discutido por todas as partes interessadas, incluindo a Rússia.

No início do seu discurso, Durão Barroso esforçou-se por garantir que a Rússia foi e é importante parte integrante da Europa, defendendo a criação de um espaço comum entre Lisboa e Vladivostoque.

O presidente da Comissão Europeia enumerou toda uma série de poetas, músicos, escritores, pintores e bailarinos russos para provar que a Rússia faz parte integrante do Velho Continente: Pasternak, Tsvetaeva e Akhmatova, Dostoevski e Tolstoi, Mussorsgki e Chostakovitch, etc.

Os depósitos russos no sistema bancário cipriota, que tem um regime fiscal muito favorável, serão de entre 4,9 e 10,2 mil milhões de euros, segundo o governador do banco central cipriota, enquanto a agência Moody’s estima os activos russos em Chipre em 31 mil milhões de dólares (24 mil milhões de euros).
 

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