Estudo dos salários é “estratégia” para pôr os trabalhadores uns contra os outros

Nobre dos Santos, coordenador da Fesap, considera que o principal objectivo do estudo encomendado à Mercer é nivelar por baixo.

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A estratégia socialista é repor os salários dos funcionários públicos até ao final de 2016 Fernando Veludo

O coordenador da Frente Comum de Sindicatos para a Administração Pública (Fesap) alerta que o estudo que compara os salários praticados no público e no privado “é uma estratégia para pôr os trabalhadores uns contra os outros e, mais uma vez, para pôr o privado contra o público”. E tem como principal propósito reduzir salários na função pública.

O estudo encomendado pelo Governo à Mercer conclui que em média e de uma maneira geral o Estado paga mais do que o sector privado. Mas essa conclusão tem nuances. Os gestores de topo têm um ganho médio mensal 30% abaixo do que é média no privado e também os trabalhadores com menos qualificações (os auxiliares e os operários) têm ganhos inferiores ao privado. No meio há um conjunto de profissões em que, diz o estudo, se ganha mais no Estado em comparação com o privado. É o caso dos informáticos, técnicos, dirigentes intermédios e algumas profissões predominantes na função pública como os professores do básico e secundário, os professores do superior e os enfermeiros.

Nobre dos Santos lembra que as realidades entre o Estado e as empresas privadas são “completamente diferentes” e que o sector público tem especificidades que devem ser tidas em conta, nomeadamente o nível de habilitações dos trabalhadores, que é, diz, mais elevado do que no privado.

“O objectivo do Governo é concluir que o sector público ganha mais do que o privado, para depois baixar os salários e nivelar por baixo. Mas vamos pagar aos trabalhadores da Autoridade Tributária, com o elevado nível de responsabilidade que têm, o mesmo que a média do privado?“, destacou.
 

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