Laura Boldrini, defensora das "vítimas do berlusconismo", eleita presidente da Câmara dos Deputados

A antiga porta-voz do ACNUR, que falou com o PÚBLICO em Fevereiro, foi eleita com uma maioria absoluta de 327 votos.

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Boldrini foi candidata do Esquerda, Ecologia e Liberdade ANDREAS SOLARO/AFP

Laura Boldrini, candidata do Esquerda, Ecologia e Liberdade e ex-porta-voz do ACNUR, foi eleita neste sábado presidente da Câmara dos Deputados em Itália, com uma maioria absoluta de 327 votos.

O nome de Boldrini foi proposto pelo Partido Democrático, de Pier Luigi Bersani, que se apresentou nas eleições coligado com o Esquerda, Ecologia e Liberdade, de Nichi Vendola.

Roberto Fico, candidato do Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, recolheu 108 votos. A eleição de Laura Boldrini foi recebida com uma ovação por quase todos os deputados, à excepção dos representantes do Povo da Liberdade, de Silvio Berlusconi.

Boldrini, 52 anos, é a terceira mulher presidente da Câmara dos Deputados, depois de Nilde Iotti (1979-1992) e Irene Pivetti (1994-1996).

"Chego a este cargo ao fim de muitos anos a defender os direitos dos mais desfavorecidos. Foi uma experiência que me acompanhará para sempre", disse a nova presidente da Câmara dos Deputados no seu primeiro discurso, numa referência ao seu passado no Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), onde foi porta-voz desde 1998.

Mas a afirmação mais marcante do seu primeiro discurso terá sido a referência à situação das mulheres: "A Câmara defenderá os direitos das mulheres vítimas de violência mascarada de amor."

Em Fevereiro, durante a campanha para as legislativas em Itália, Laura Boldrini disse ao PÚBLICO que Berlusconi foi mesmo uma das principais razões que a levou a aceitar deixar para trás os anos de trabalho no ACNUR: "Com Berlusconi chegámos ao Ano Zero. Perderam-se todas as conquistas das mulheres. Hoje, em Itália, todos os produtos se vendem através do corpo da mulher, na televisão e na publicidade. Aqui, os noticiários apresentam um homem de fato e gravata e uma mulher seminua. As multinacionais têm uma publicidade para o resto do mundo e outra para Itália... O corpo da mulher serve para vender imóveis, carros e até iogurte. E isto é inaceitável."
 

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