Pára tudo! O Justin vem aí. “A sério? Ai, vou gritar”

São dezenas as fãs que esperam há dias por Justin Bieber. Enquanto não chega ensaiam-se coreografias para o concerto e não se largam os telemóveis. "É que ele conta tudo no Twitter."

Os fãs de Justin Bieber estão acampados desde sábado mas os encontros para marcar lugar começaram já na semana passada
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Os fãs de Justin Bieber estão acampados desde sábado mas os encontros para marcar lugar começaram já na semana passada Miguel Manso
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O objectivo do acampamento é garantir o melhor lugar no concerto Miguel Manso
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É preciso estar presente para garantir um lugar na lista que ordena a entrada no recinto Miguel Manso

O Justin canta como ninguém. O Justin é lindo. O Justin é humilde. O Justin gosta de nós. O Justin é genuíno. O Justin é um exemplo. O Justin é diferente. O Justin é único. O Justin, o Justin, o Justin. “Vá lá, não é preciso explicar, é o Justin.” Nunca falaram com ele, e dificilmente terão essa oportunidade, mas sabem, ou acham que sabem, tudo sobre ele. Falam como se de um irmão, um amigo ou um namorado se tratasse, mesmo que “o Justin” nem os seus nomes saiba. Mas o que é que isso interessa? “É o Justin.” Sim, o Bieber. Motivo mais do que suficiente para acampar à porta do Pavilhão Atlântico, em Lisboa, e esperar pelo “melhor concerto do mundo”, que é já nesta segunda-feira.

Poder-se-ia falar do frio, da chuva ou do vento. Do dinheiro que já gastaram para estarem ali ou dos dias que faltaram, ou vão faltar, à escola. Mas a verdade é que não há nada, mas mesmo nada, que arranque do Pavilhão Atlântico as dezenas de fãs que desde sábado de manhã estão acampadas à porta do recinto. A não ser, claro, que o Justin apareça num qualquer outro lugar.

“Ai, eu ia a correr”, diz ao PÚBLICO, sem hesitar um segundo que seja, Marta, de 16 anos, para quem passar a noite ao relento em nome de Justin Bieber não é uma novidade. “Já para comprar o bilhete para o concerto passei a noite à porta da Fnac”, conta. E não foi um bilhete qualquer, mas sim o mais caro (65 euros) que dá acesso ao Golden Circle, o espaço imediatamente à frente do palco. “Eu tenho de tentar estar o mais perto dele possível.”

Mas o bilhete só por si não garante a proximidade que Marta, que veio de propósito do Porto, tanto deseja. É aliás por isso mesmo que se acampa. Todos, ou quase todos, têm o mesmo tipo de bilhete e por isso é preciso que se organizem para que quando se abrirem as portas, na segunda-feira, não se matem para arranjar o melhor lugar, como a própria diz. Por isso mesmo, está feita uma lista com os nomes das pessoas por ordem de chegada e durante o dia, e a noite (não existem cá falsos acampamentos), são feitas chamadas para confirmar se os beliebers, nome pelo qual se auto-intitulam os fãs de Bieber em todo o mundo, continuam na luta pelo lugar. Se não estão, perdem o lugar.

Marta chegou a Lisboa no sábado de manhã e por isso foi ultrapassada por aqueles que ou já vivem na capital ou chegaram mais cedo. Tem o número 106. “Mas ainda conto descer uns lugares porque há sempre pessoas que falham a chamada.”

Na verdade, estes fãs estão acampados desde sábado de manhã porque só nesse dia tiveram autorização para montar as tendas, mas a organização da lista, as chamadas e os encontros já começaram na semana passada. Érica, de 17 anos a viver em Sintra, já está no Pavilhão Atlântico desde 2 de Março e é o número 15. “Valeu a pena estar aqui a semana toda, acho que vou conseguir...” E já não acabou a frase. Pára tudo, é o Justin. Não, ele ainda não está em Portugal. É só mais uma mensagem no Twitter.

“Oh Érica, oh Érica ele twittou. O Justin vem aí”, grita uma jovem agarrada ao seu telemóvel, interrompendo a entrevista da amiga. “A sério? O que é que ele diz? Ai, vou gritar.” E não foi a única. Se uma simples mensagem de Bieber no Twitter gera esta histeria, é muito difícil imaginar o que amanhã vai acontecer no Pavilhão Atlântico.

“Eu não sei, espero o melhor concerto do mundo. É um sonho tornado realidade, há quatro anos que espero por isto”, diz Vasco, 15 anos, do Porto. “Ele sabe o que faz, ele é o melhor nisto”, continua, não poupando elogios ao músico. Mas também aos fãs portugueses. “Tenho a certeza que depois do concerto de amanhã o Justin vai perceber que nós em Portugal gostamos mesmo dele e o respeitamos como artista. Tenho visto que nos outros países os fãs limitam-se a estar lá e a levantar os braços, nós vamos provar que somos diferentes.”

E o que é ser diferente? “Temos vários planos preparados”, continua o jovem, que amanhã com os amigos vai mostrar a Bieber a mensagem We will love you forever num grande cartaz. “E também lhe vamos cantar os parabéns [Bieber fez 19 anos no dia 1 de Março], é uma surpresa.”

Vasco não tem dúvidas de que Justin Bieber vai gostar, assim como tem a certeza de que a sua paixão pelo músico vai também aumentar depois do concerto. “Ele é único, ele faz-nos acreditar que os nossos sonhos se podem realizar”, continua, sem nunca perder o fôlego e, claro, sem nunca parar de elogiar o músico. “Ele é tudo”, diz sem qualquer vergonha, mesmo que esta sua paixão, e a falta de vergonha por ela, o tornem no motivo de gozo na escola. “As pessoas são injustas e por vezes muito más, mas se há coisa que o Justin nos dá é força para enfrentar isto”, explica o rapaz, que tinha bilhete para os dois concertos.

Pais alimentam paixão
“Não quis perder esta oportunidade, tenho pena que o segundo tenha sido cancelado mas entendo todas as opções do Justin”, diz Vasco. E há carteira que suporte tudo isso? “Tem de haver, faz-se um esforço. Ou melhor, os nossos pais fazem um esforço e tentam-nos ajudar, eles querem o melhor para nós e por isso entendem”, diz Vasco, suspeitando que a ajuda dos pais é também para ver se lhe passa “a febre”.

Não é por isso de estranhar que ao longo da tarde deste domingo fossem muitos os pais a circundar o acampamento. Chegam de sacos, ora com comida, ora com cobertores. E há ainda uns que montam as tendas, enquanto os filhos partilham a euforia com os outros beliebers. Não querem que lhes falte nada, nem que a pouca idade os impeça de participar neste acontecimento. Como é o caso de Anabela, a acampar com a filha Ana Raquel, de 13 anos. “E também vou ao concerto”, diz a mãe que veio de propósito do Porto e que garante ter aprendido a gostar do Justin Bieber. “Eu já tive a idade dela e também tive assim algumas experiências, faz parte”, conclui.

Da mesma opinião é Carlos, pai de Marta. “É uma oportunidade que eles tiveram e por isso nós tivemos de fazer um bocadinho a vontade”, explica o pai, para quem participar nesta paixão da filha, tendo até tirado uns dias no trabalho para a poder acompanhar, é uma espécie de recompensa. “Se ela tem boas notas e não se portou mal, merece. Enquanto assim for está tudo bem”, diz, explicando que “faltar um dia à escola não é problema”. “Nós temos de dar um bocadinho quando eles nos retribuem.”

E é isso mesmo que estes fãs estão à espera. Que o Justin lhes retribua toda esta dedicação. Mas se por acaso assim não for, não faz mal. É o Justin e ao Justin perdoa-se tudo.

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