Sporting acordou demasiado tarde para conseguir evitar novo deslize

A Académica foi melhor durante grande parte do jogo e esteve a vencer até ao minuto 77, mas depois de conseguirem empatar por Wolfswinkel, os “leões” tiveram boas oportunidades para chegar à vitória.

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Wolfswinkel marcou o golo do Sporting Francisco Leong/AFP

Durante mais de dois terços do jogo, voltou a ver-se em Coimbra o Sporting que tem deixado os adeptos “leoninos” à beira de um ataque de nervos. Mas, com uma pontinha de sorte, os “leões” até podiam ter regressado a Lisboa com a terceira vitória forasteira da época.

Numa partida em que a Académica foi quase sempre superior, os “estudantes” chegaram à vantagem na sequência de uma grande penalidade cometida pelo jovem Fokobo, mas perto do final Wolfswinkel marcou o golo que garantiu um ponto aos “verdes e brancos”.

Uma semana após a meritória exibição frente ao FC Porto, Jesualdo Ferreira decalcou para Coimbra a mesma táctica que o Sporting utilizou para colocar um travão ao campeão nacional. No entanto, o treinador dos “leões” tinha um dilema para resolver. Sem Rojo e Boulahrouz, Jesualdo tinha três peças para dois lugares na centro da defesa: Ilori, Dier e Fokobo. Depois de, durante a semana, tecer rasgados elogios à exibição de Dier no meio-campo frente aos portistas — “Se fosse treinador do Eric durante muitos anos ele iria ser um grande médio” —, o técnico tentou ser coerente e resolveu o quebra-cabeças mantendo o luso-britânico ao lado de Rinaudo e Adrien. Com isso, numa decisão de risco, Fokobo estreou-se a titular. A aposta no camaronês revelou-se um fiasco: Fokobo jogou apenas 45 minutos e, por maus motivos, foi um dos protagonistas.

Sem vencer desde 25 de Janeiro, a Académica chegou à partida a atravessar a pior fase da época. Com quatro derrotas consecutivas, os “estudantes” estavam pressionados pela aproximação das últimas equipas do fundo da tabela e, para piorar o cenário para Pedro Emanuel, Halliche e Edinho estavam indisponíveis. A troca do central argelino por João Real não trouxe alterações ao “xadrez” academista, mas sem a habitual referência no centro do ataque, Pedro Emanuel apostou no “armário” John Ogu, mudando o esquema utilizado nas últimas jornadas: o nigeriano jogou como falso ponta-de-lança, com os velocistas Wilson Eduardo e Marinho abertos nos flancos.

Pressionada pelos maus resultados recentes e com a tradição contra si — a Académica não vence o Sporting, em Coimbra, para o campeonato, desde a época 1976-77 —, a Briosa entrou em campo sem medo e tentou empurrar a equipa sportinguista para a sua grande área. No entanto, apesar da maior posse de bola dos “estudantes”, pertenceu a Dier (14’) a primeira boa oportunidade de golo. A ameaça “leonina” não passou disso, era a Académica que mandava no jogo, e, aos 25’, surgiu um dos lances decisivos da partida: Fokobo tentou cortar uma bola de forma totalmente imprudente, derrubou Hélder Cabral na área e o árbitro assinalou a grande penalidade. Contra a equipa onde se formou e a quem está, contratualmente, ligado, Wilson Eduardo não tremeu e deu vantagem à Académica.

O golo intranquilizou ainda mais uma equipa demasiado “verde” que, até aí, pouco tinha mostrado e a inépcia sportinguista foi bem explorada pelo clube de Coimbra que, até ao intervalo, dispôs de duas boas oportunidades: Rui Patrício, aos 38’ e 42’, voltou a ser o salvador da pátria “leonina”.

Perante a atitude amorfa dos seus jogadores, Jesualdo deixou no balneário ao intervalo Fokobo e Bruma e lançou para o jogo Labyad e Carrillo. As alterações implicavam o recuo de Dier para a defesa e, teoricamente, o Sporting ganhava mais dimensão ofensiva. Na prática, ficou quase tudo na mesma. A milhas do que tinha mostrado frente ao FC Porto, os “leões” demoravam a mudar o chip e a Académica continuou a ser a equipa mais perigosa: aos 70’, Patrício evitou novamente o golo a Ogu.

Perante a falta de resposta “leonina”, o jogo parecia entregue à Briosa, mas aos 77’, numa das poucas jogadas com pés e cabeça do Sporting no ataque, Joãozinho foi à linha, cruzou e Wolfswinkel fez o empate.

A partir daí o Sporting foi outro, o jogo alterou-se por completo e a vitória esteve quase a pender para os lisboetas (Labyad acertou no poste aos 89’), mas o acordar do “leão” surgiu demasiado tarde para evitar mais um deslize esta época.     

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