Quase metade dos portugueses sofre de hipertensão

Mais de 42% dos portugueses sofrem de hipertensão, mas proporção de doentes controlados quadruplicou numa década.

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PEdro Varela

Uma parte substancial da população sofre de hipertensão arterial (42,2%), mas houve melhorias assinaláveis no tratamento e controlo da doença, entre 2003 e 2012, e o consumo de sal baixou 1,3 gramas por dia. O problema são os mais jovens, que na sua maioria ainda ignoram a patologia. São conclusões do estudo PHYSA – Portuguese Hypertension and Salt Study, que acaba de ser apresentado no 7.º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, em Vilamoura.

A prevalência da hipertensão mantém-se praticamente ao mesmo nível do último estudo feito em 2003 (42,1%). Mas os resultados desta investigação, realizada pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) em conjunto com a Universidade Fernando Pessoa, indicam que a percentagem de doentes em tratamento (medicados) passou de 38,9% para 74,9%, e, no ano passado, 42,6% tinham a doença controlada (casos em que a medicação é eficaz), quatro vezes mais do que há dez anos.

A pressão arterial média também baixou, de 13/8 para 12/7 – os valores ideais são 120/80 mm Hg (milímetros de mercúrio); acima de 140/90 mm Hg já se considera estar numa situação de hipertensão. “Tudo tem vindo a melhorar, estamos ao nível dos melhores países”, conclui o presidente da SPH, Fernando Pinto, para quem agora é “preciso não deixar estragar” estes resultados.

Ao contrário do que seria de esperar, porém, é na população mais jovem (menos de 35 anos) que o desconhecimento da doença é maior, tal como o grau de tratamento. Um resultado que merece um alerta, porque é justamente até esta idade que é possível prevenir a patologia, explica Luís Martins, cardiologista e um dos coordenadores deste estudo.

A prevalência de hipertensão arterial  não é igual em todo o território. No Alentejo é mais elevada, atingindo metade da população, enquanto no Norte é consideravelmente mais baixa (39,1%). Os motivos que justificam estas diferenças regionais vão ter de ser analisados no futuro, porque um dos factores que contribuem para a hipertensão arterial é o consumo excessivo de sal, e o Norte é, surpreendentemente, líder neste problema.

O estudo incluiu a análise do consumo de sal e também aqui há boas e más notícias: apesar de ter diminuído (é agora de 10,7 gramas por dia, em média, contra 12 g/dia, em 2005), ainda continua a ser quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (5,5 g/dia).

A amostra deste estudo é constituída por 3720 pessoas, estratificadas por sexo, grupo etário e região, sendo, assim, representativa da realidade de Portugal continental. Para além de medições múltiplas da pressão arterial efectuada por investigados treinados para o efeito, foi feito o cálculo do consumo de sal pelo doseamento de sódio na urina de 24 horas em mais de três mil amostras para se perceber a sua correlação com a hipertensão.

A hipertensão arterial é uma doença crónica, mas pode ser reversível. A maior parte dos doentes toma medicamentos, mas há casos em que é possível controlar a patologia só com alterações de estilo de vida.

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