Beppe Grillo, o agitador da política italiana

Reclama um "rendimento de cidadania" de 1000 euros, a saída do euro, a semana de trabalho de 20 horas.

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Grillo sonhaquer semana de trabalho de 20 horas AFP

Em 2009, quis concorrer à liderança do Partido Democrático, mas foram-lhe fechadas as portas, porque o assunto era “coisa séria”. Nas eleições desta semana, Beppe Grillo, comediante e blogger, superou em votos, segundo os resultados provisórios, o principal partido de centro-esquerda.

Mesmo que a solução governativa não passe por ele, Beppe Grillo, 64 anos, já fez história. O seu Movimento 5 Estrelas terá conseguido 25,5% contra os 25,4 do Partido Democrático, de Pier Luigi Bersani, que, no entanto, coligado com o Esquerda, Ecologia e Liberdade e outras pequenas formações de centro-esquerda, obteve 29,5%.

Beppe Grillo reclama um “rendimento de cidadania” de 1000 euros para desempregados e pessoas sem rendimentos, corte nas despesas militares, saída da zona euro, diminuição dos salários dos políticos ou a redução da semana de trabalho a 20 horas. Se estas propostas motivam as acusações de populismo, são também elas que, somadas à fadiga do eleitorado com as forças políticas tradicionais, justificarão os seus resultados. Partidário da democracia directa, sonha com um cenário em que “cidadãos se elejam entre si”.

Natural de Génova, tornou-se conhecido dos italianos na década de 1970. O êxito que obteve fez dele um homem rico, o que lhe permite em grande medida ser o principal financiador do seu próprio partido. Em 2007 começou a organizar manifestações contra a classe política. Não poupa os políticos e é particularmente crítico do actual primeiro-ministro, o austero Mario Monti, a quem chama Rigor Montis, e de Silvio Berlusconi, o seu antecessor, que trata como “cadáver” ambulante.

Até à manhã desta terça-feira, Grillo não falou aos media tradicionais. Prefere, habitualmente, pronunciar-se no seu blogue. E foi isso que já fez. “Seremos 150 dentro “ do Parlamento, entre o Senado e a Câmara dos Deputados, “e muitos milhões fora”, disse na noite de segunda-feira.  Voltar a ter Berlusconi na liderança de Itália, “nem que fosse por seis meses ou um ano seria um crime contra a galáxia”.

Quando, em 2009, declarou querer ser líder do Partido Democrático, um  deputado desta força centro-esquerda referiu-se a Grillo com uma frase que parece cada vez mais actual. "Não é apenas um humorista, representa um estado de alma.”

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