Reacções às previsões da Comissão Europeia

O PSD reconhece que números dão urgência à flexibilização das metas orçamentais. PCP e Bloco de Esquerda pedem inversão de políticas.

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O parlamento português é "de partidos", e não "de deputados". Daniel Rocha

A Comissão Europeia divulgou nesta sexta-feira as previsões do desempenho económico na União Europeia para 2013, apontando para uma recessão de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal e um aumento do desemprego para os 17,5%. As previsões de Bruxelas quase duplicam o 1% de queda do PIB previsto pelo Governo para 2013.

Em todo o caso, a Comissão Europeia espera que a economia portuguesa inicie a retoma do crescimento no segundo semestre de 2013, que será, ainda assim, período de desempenho negativo. Bruxelas espera, contudo, uma “ligeira” retoma de 0,8% do PIB em 2014.

O ministro das Finanças antecipara na quarta-feira um agravamento na ordem de um ponto percentual das estimativas do Governo.

PSD realça recuperação em 2014
O deputado do PSD Miguel Frasquilho realçou que, apesar do agravamento da recessão, a Comissão Europeia prevê a retoma do crescimento em 2014, entendendo que este “tom menos negativo” das previsões económicas da Comissão Europeia mostra que o esforço nacional de consolidação orçamental pode “valer a pena”.

Em reacção às estimativas do desempenho económico, Miguel Frasquilho afirmou nesta sexta-feira, no Parlamento, que “depois de um ano extremamente difícil como foi 2012 e de 2013 que não será menos, em 2014 podemos de facto ter uma recuperação da economia e também das condições sociais”. Miguel Frasquilho apoiou-se nos dados divulgados pela Comissão Europeia para sublinhar a importância da flexibilização das metas orçamentais, que será discutida no âmbito da sétima avaliação da troika, na próxima semana.  

Bloco de Esquerda pede “inversão de políticas”
Ana Drago afirmou nesta sexta-feira que é preciso perceber qual é o limiar de “desastre” acima do qual a Comissão Europeia e o Governo português aceitarão uma inversão de políticas.

“A Comissão Europeia agora vem prever o desastre social e económico da sociedade portuguesa. É preciso perceber qual é o limiar que o Governo, a Comissão Europeia e a troika acham que deve haver uma inversão de políticas”, afirmou a deputada do Bloco de Esquerda, em reacção às previsões do desempenho económico para 2013.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Ana Drago disse estar “chocada” por ouvir o primeiro-ministro falar de “previsões em linha”, sublinhando que “não é isso que interessa”. Para a deputada do Bloco de Esquerda, não haverá crescimento que permita pagar a dívida, considerando os números do desemprego e das falências diárias, assim como a queda do consumo interno

PCP diz que país está na “iminência de um desastre”
Honório Novo, deputado do PCP, alertou nesta sexta-feira para a urgência de o país “parar para pensar” e inverter o caminho, uma vez que, considera, este se encontra na “iminência de um desastre social”.

"O Governo e os senhores ministros têm que parar para pensar e perceber que é tempo de inverter o caminho e rasgar uma perspectiva económica recessiva imposta pela troika que tem conduzido o país à beira do abismo", disse o deputado comunista.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, Honório Novo reagiu às previsões económicas divulgadas nesta sexta-feira pela Comissão Europeia. Para o deputado, os dados mostram que o país está a ser arrastado para “um desastre social de proporções inimagináveis” e rejeitou que as responsabilidades possam ser atribuídas à conjuntura europeia, como reclama o Governo.

Por seu lado, o secretário-geral da CGTP afirmou que, face às estimativas da Comissão Europeia para a economia portuguesa, esta deve fazer uma "autocrítica" e mudar a política em relação a Portugal.

Para Arménio Carlos, as estimativas que apontam para uma taxa de desemprego acima dos 17% em Portugal "deve fazer [a Comissão Europeia] pensar, reflectir e, acima de tudo, mudar de políticas no que respeita ao memorando da troika". Para o líder da central sindical, "o memorando da troika [Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia] é o que esta a impedir a solução dos problemas" de Portugal.
 
 

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