Presidente da RTP entregou projecto de plano de reestruturação à comissão de trabalhadores

Alberto da Ponte recusa falar sobre despedimentos, mas avisa que entre colaboradores externos e internos, optará pelos últimos.

Foto
Alberto da Ponte quer contrato de exclusividade com parceiro tecnológico Nuno Ferreira Santos

A administração da RTP entregou na segunda-feira à comissão de trabalhadores um projecto de plano de reestruturação, mas sem indicar objectivos de redução do quadro de trabalhadores.

O documento, com cerca de uma dúzia de páginas, tem uma abordagem geral sobre a empresa, mas não tem indicadores. Apesar de não falar em objectivos de redução do quadro de pessoal, a administração admite que dos 42 milhões de euros que o ministro dos Assuntos Parlamentares anunciou que custaria o processo de reestruturação, 30 milhões serão destinados a rescisões amigáveis. A comissão de trabalhadores tem até dia 21, quinta-feira, para analisar o documento entregue pela administração, data para a qual está marcada uma nova reunião.

“Continuamos a trabalhar em conjunto”, descreveu esta terça-feira à tarde o presidente da RTP, Alberto da Ponte, à margem da conferência sobre o futuro do jornalismo, organizado pela TVI. “Estamos em diálogo com os sindicatos e com os trabalhadores. Uma vez feita a denúncia do acordo de empresa [feita na passada sexta-feira unilateralmente pela administração], temos 30 dias para negociação."

A administração quer um “novo acordo com base nas circunstâncias económicas que se estão a viver no país e na Europa”, disse o presidente, admitindo que a empresa quer passar questões do acordo de empresa para a esfera da negociação individual, sem especificar. Acreditando que conseguirá cumprir os prazos, garante que no dia 28 irá apresentar o denominado Programa de Desenvolvimento e Redimensionamento – plano de reestruturação para a RTP – à comissão de trabalhadores e no dia 1 de Março à tutela.

Recusando falar sobre despedimentos, Alberto da Ponte prefere dizer que está primeiro a olhar para todos os outros custos, como os de financiamento. “Quando conseguimos encontrar reduções de custos em áreas que não a do pessoal, é obrigação das empresas fazê-las nessas. Nenhum empresário pode esquecer que há 16,9% de desemprego em Portugal.” E garante: “Evitarei os despedimentos e olharei, por exemplo, para os serviços externos. Entre o colaborador externo e o interno, prefiro o interno.”

Alberto da Ponte deixa no ar, no entanto, que o que está a negociar actualmente pode ser adaptado consoante as circunstâncias futuras. “O plano é uma direcção estratégica e um conjunto de passos. Temos que planear, criar uma direcção e depois temos a obrigatoriedade de nos adaptar”, descreve o gestor, lembrando que, em termos empresariais, o mundo é dominado por um novo conceito importado dos Estados Unidos que compreende “volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade”.

Sobre a escolha do parceiro tecnológico, assumida como uma prioridade para o operador público de rádio e televisão, Alberto da Ponte diz querer encontrá-lo no primeiro semestre deste ano. Mas uma certeza já tem: “A PT não pode ser parceira da RTP porque a PT quer ser parceira de todas as televisões.” E Alberto da Ponte quer exclusividade para a RTP cumprir o “objectivo estratégico de ser pioneira na inovação em Portugal em 2013”.
 

Sugerir correcção
Comentar