A mais conhecida blogger de Cuba pôde enfim deixar o país

A jornalista e activista Yoani Sánchez chegou nesta segunda-feira ao Brasil para um périplo de 80 dias por países da América Latina, Europa e Estados Unidos.

Fotogaleria
Desmond Boylan/Reuters
Fotogaleria
Desmond Boylan/Reuters
Fotogaleria
Desmond Boylan/Reuters
Fotogaleria
Desmond Boylan/Reuters
Fotogaleria
Desmond Boylan/Reuters

Depois de cinco anos sem poder viajar, a dissidente cubana Yoani Sánchez pôde finalmente sair de Cuba e iniciar uma viagem de 80 dias a países da Europa e da América incluindo os Estados Unidos. A autora do blogue Geração Y e jornalista crítica do regime de Havana começa o seu périplo no Brasil, onde aterrou nesta segunda-feira. A activista diz querer aproveitar da melhor forma esta oportunidade e garante voltar a Cuba para continuar a escrever como escrevia antes de sair do país.

Sánchez obteve passaporte e autorização de saída depois da entrada em vigor, no passado dia 14 de Janeiro, de uma reforma da lei migratória que facilita as saídas para o estrangeiro de activistas e opositores cubanos. “A minha viagem será como a volta ao mundo em 80 dias”, disse a jornalista e activista dos direitos humanos. Mais conhecida fora do que dentro do seu país, devido ao controlo que o Governo exerce sobre os media cubanos, Sánchez estava em 2008 na lista das 100 pessoas mais influentes para a revista Time e o seu blogue foi eleito como um dos 25 melhores pela CNN.

Antes de embarcar no avião no aeroporto de Havana, e depois de se despedir do marido e do filho de 14 anos, Yoani Sánchez, 37 anos, disse aos jornalistas “estar muito feliz” com esta “pequena vitória pessoal, jornalística, jurídica e enquanto cidadã”, mas confessou sentir-se a viver “um sonho” com um sabor “agridoce”, pelas limitações de saída para o estrangeiro que persistem para muitos opositores no país. Yoani Sánchez, uma das vozes mais críticas do “absurdo migratório” em Cuba, como lhe chama, salienta que a nova reforma não torna o movimento de entrar e sair de Cuba “um direito inerente” e essa “é uma limitação importante”.

Se por um lado a reforma simplifica os procedimentos burocráticos que no passado impediram a liberdade de movimentos de dissidentes e activistas, por outro, já depois da sua entrada em vigor, continua a ser possível ao Governo recusar a emissão de passaportes por motivos de “interesse público” ou “segurança nacional”.

Nas últimas semanas, lembram os jornais espanhóis El Mundo e El País, o Governo cubano concedeu passaportes a outras vozes críticas como Berta Soler, líder das Damas de Branco (grupo de mães e mulheres de presos políticos do regime cubano). Também o dissidente Eliecer Ávila viajou para a Suécia, Rosa Maria Paya, filha do falecido dissidente Oswaldo Payá, saiu e viajou para Espanha e o conhecido dissidente Guillermo Fariñas, que foi várias vezes detido com Yioani Sánchez, teve autorização para viajar, nota a AP. Mas também houve pelo menos dois opositores a quem foram recusados passaportes, refere a agência.

Sanchez começa o seu périplo de quase três meses no Brasil, de onde seguirá para outros países da América Latina – México, Peru ou Argentina – e Europa – Espanha, Itália, República Checa Alemanha, Suécia, Suíça e outros. “Com esta viagem, inicio uma nova fase da minha vida e aquilo que será uma experiência maravilhosa do ponto de vista jornalístico”,  afirmou.

Nos Estados Unidos, Yoani Sánchez, pioneira no seu país de novas plataformas de comunicação, não disponíveis para a maioria dos cubanos, vai visitar as instalações da Google, Facebook e Twitter. E foi com um tweet que avisou com humor o Governo de Raul Castro para que “nem sonhe" que ela não voltará a Cuba.

Sugerir correcção
Comentar