Passos admite que não é possível afastar uma espiral recessiva

Primeiro-ministro foi interrompido no Parlamento por versos de Zeca Afonso e elogiou o bom gosto dos manifestantes.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou nesta sexta-feira, no Parlamento, que não há nenhuma evidência de que o país esteja a viver numa espiral recessiva. Mas admitiu que ninguém pode afastar a possibilidade desse cenário.

“Não há, até hoje, nenhuma evidência [de] que estejamos a viver numa espiral recessiva”, afirmou Passos Coelho, para, logo de seguida, acrescentar que “ninguém pode afastar a possibilidade”. Mas o líder do executivo também garantiu que “o Governo tudo está a fazer para que não se venha a colocar” esse cenário.

No debate quinzenal desta sexta-feira, Passos Coelho foi confrontado pelo coordenador do BE João Semedo sobre “a espiral suicida” que caracteriza o país, com aumento do número de desempregados, falência de empresas e queda de exportações.

Semedo lembrou ao primeiro-ministro que a par dos 920 mil desempregados – número divulgado pelo INE nesta semana - existem cerca de um milhão de portugueses nessa situação que não tem qualquer subsídio. E desafiou o chefe de governo a repor a prestação social para estes desempregados.

Na resposta ao coordenador bloquista, Passos Coelho disse que não é possível equacionar este tipo de medidas sem que elas signifiquem aumento do défice e da despesa do Estado.

Minutos antes, enquanto respondia ao CDS, o primeiro-ministro foi interrompido por manifestantes do movimento Que Se Lixe a Troika. Passos tentou ainda continuar a sua intervenção, mas acabou por aguardar, em silêncio, que os cidadãos fossem retirados das galerias da Assembleia da República. De pé, o grupo entoou, ao longo de alguns minutos, os versos “Grândola Vila Morena /O povo é quem mais ordena”, do músico Zeca Afonso.

Depois de as galerias terem sido evacuadas e o debate retomado, o primeiro-ministro afirmou: “De todas as formas que uma sessão possa ser interrompida, esta parece-me significativamente a de mais bom gosto.” A declaração do primeiro-ministro valeu-lhe então um aplauso das bancadas parlamentares da maioria PSD-CDS.
 
 

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