Oposição acusa Governo de criar "catástrofe económica e social"

PSD diz que quebra do PIB sofreu “um ligeiríssimo desvio” face às previsões do Governo.

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Carlos Zorrinho Rui Farinha

“Catástrofe económica e social” e “espiral recessiva” foram duas das expressões utilizadas pelos partidos da oposição para reagir aos números do Produto Interno Bruno, que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, caiu 3,2% em 2012.

PSD diz que dados mostram "ligeiríssimo desvio"
Já o PSD afirmou nesta quinta-feira que os números do PIB mostram "um ligeiríssimo desvio" face às previsões do Governo, que está "em linha" com as economias europeias e é justificado pela "falta de procura externa" de vários países. "Este ligeiríssimo desvio, que mais não é do que isso, não mete em causa as metas previstas para este ano quer do crescimento económico, quer ao nível da consolidação orçamental", afirmou o vice-presidente da bancada social-democrata Luís Menezes, no Parlamento.

O deputado do PSD considerou que a estimativa do INE "está praticamente em linha com aquilo que era previsto pelo Governo, pelas entidades internacionais que nos financiam e pela OCDE", sustentando que "esta tendência ligeiramente negativa é uma tendência que se viu a nível europeu".

"O PIB na Europa era expectável que descesse 0,4% e desceu 0,6%; em Portugal, a estimativa do Governo era que descesse 3% e desceu 3,2%. Como podemos ver, este é um comportamento que foi geral a nível europeu. Inclusive, a Alemanha teve uma contracção do PIB no último trimestre do ano", salientou.

Luís Menezes disse esperar que, "neste ano, com o regresso aos mercados e com a consolidação orçamental", seja "possível começar a reganhar capacidade de financiamento para a economia e, no fim do dia, fazer com que todos estes resultados positivos comecem a tornar-se palpáveis na vida das pessoas".

"O que vemos é muito simplesmente que há uma grande influência da falta de procura externa por parte dos nossos parceiros europeus, que também viram as suas economias contraírem-se, por isso há uma ligeiríssima diferença nos números, que estão em linha com o comportamento da economia europeia", reforçou.

PS: “Catástrofe económica e social”
Já o líder parlamentar do PS acusou o Governo de estar a conduzir Portugal para "uma catástrofe económica e social", considerando que o país vive "um cenário perfeito de espiral recessiva" que reclama uma mudança de políticas.

"A teimosia do Governo está a conduzir Portugal à beira de uma catástrofe económica e social. Ontem soubemos que o número de desempregados atinge quase o milhão e 40% dos jovens qualificados estão desempregados; e hoje ficámos a saber que as piores previsões do Governo em relação à quebra da economia foram ultrapassadas", afirmou Carlos Zorrinho.

O presidente do grupo parlamentar do PS falava aos jornalistas à margem da reunião da bancada socialista.

Na opinião de Carlos Zorrinho, estes dados revelam que "a situação está má e está a piorar": "Estamos num cenário perfeito, infelizmente, de espiral recessiva, de menos rendimento, menos emprego, menos crescimento".

"Perante isto, o que faz o Governo? O primeiro-ministro é uma espécie de comentador piedoso, vai descrevendo o que está a correr mal e vai mostrando alguma fé em que alguma coisa mude. Mas nada muda por acaso, as coisas mudam quando se mudam as políticas. Esta política está profundamente errada e os portugueses estão a sofrer muito com a sua aplicação", criticou o socialista.

BE acusa Governo de “matar o país” com “espiral recessiva”
O Bloco de Esquerda acusou o Governo de estar a "matar o país" com as medidas de austeridade e consequente "espiral recessiva", afiançando que o executivo liderado por Passos Coelho vive em "completo descontrolo" sobre a economia.

"Não é um ligeiríssimo desvio. É abrupto. No último trimestre, foi um crescendo exponencial do desemprego e o PIB (Produto Interno Bruto) retraiu-se imenso. A curva está a acelerar. A situação está a degradar-se muito rapidamente. Isto é a espiral recessiva. Este Governo tem de ser parado, porque senão está a matar o país", disse a coordenadora do BE, Catarina Martins, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

"Ou se pára com o rumo da austeridade ou é o Governo que pára o país. É a austeridade que cria a recessão. É o fanatismo do Governo para com a austeridade que está a matar o emprego e a economia. É hora de pôr um ponto final. Este avanço galopante do desemprego e do PIB mostra o completo descontrolo da economia. O Governo não tem nenhuma solução ou rumo para o país e tem de ser parado", afirmou a deputada bloquista.

PCP questiona “quando é que isto acaba”

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou que o país “está a afundar-se” com a política do Governo e perguntou “quando é que isto acaba”, defendendo mais uma vez a demissão do executivo.

“A questão de fundo é esta, quando é que isto acaba? Até quando é que vai conduzir o país para o desastre? Já não há desculpas esfarrapadas, já não há declarações e verbalismo que esconda esta realidade, o nosso país está de facto a afundar-se com esta política”, afirmou Jerónimo de Sousa.

Em declarações aos jornalistas na sede do PCP, Lisboa, Jerónimo de Sousa destacou a queda das exportações, frisando que o Governo tinha anunciado uma “perspectiva totalmente diferente”.

Os números mostram “o falhanço das perspectivas” do Governo, defendeu o secretário-geral comunista, considerando que, se a actual política “não for interrompida”, Portugal “corre o risco de caminhar para o precipício”.

“Estamos a falar da vida das pessoas, de 50% de jovens desempregados, de um país que exporta menos, que está a empobrecer sem saída. A ideia que temos é que caso este Governo continue, ficaremos depois pior do que o que estamos”, disse.
 

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