Obras intermináveis causam série de acidentes no IC8

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Sérgio Azenha

Ninguém sabe dizer com rigor há quanto tempo decorrem as obras de requalificação no IC 8, no local onde neste domingo aconteceu o acidente. E a Estradas de Portugal declina responsabilidades no acidente ou na condução dos trabalhos de requalificação que decorrem na via, revelando que quem tem de prestar contas é o Grupo Ascendi, que tem a concessão daquele Itinerário Principal, desde o início de 2010. O PÚBLICO tentou contactar a concessionária, mas sem sucesso.

O certo é que a ocorrência de três acidentes no espaço de um mês nas proximidades do nó do Carvalhal, precisamente o local do embate, leva o presidente da Câmara da Sertã, José Nunes, a pedir contas. “Estive no local a falar com a concessionária que me disse que ia fazer todos os possíveis para concluir as obras o mais depressa possível”, disse. O autarca hesita em afirmar que as obras podem ter estado na origem do acidente, juntamente com a chuva e o nevoeiro, mas observa que”três acidentes num mês é muita coisa”. “Alertei-os para o que aconteceu, porque tantos acidentes em tão pouco tempo deve ser motivo de preocupação”.

O autarca teme, no entanto, que as obras se prolonguem ainda por algum tempo mais, porque, sublinha,”há percursos onde é preciso intervir urgentemente, como é o caso do troço Ansião/Pombal”. Os trabalhos de requalificação no IC8 implicam várias intervenções, que vão desde a drenagem à pavimentação, passando pela beneficiação e pela sinalização. Para além das obras, José Nunes mostra alguma apreensão pelo facto daquele itinerário ter um grande movimento de camiões devido ao transporte de madeira que é exportada através do porto da Figueira da Foz.

Desconhece-se quando é que as conclusões do acidente serão conhecidas. Equipas de Núcleo de Investigação de Acidentes de Viação do destacamento da GNR de Castelo Branco estiveram no local a recolher informação no autocarro e no pavimento, que vai permitir determinar a causa provável do acidente, mas as conclusões só serão reveladas quando “houver a certeza absoluta”, disse ao PÚBLICO fonte da GNR.

Os três acidentes do último mês no IC8 ainda não estão contabilizados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), mas este organismo já fez as contas aos sinistros que aconteceram entre Janeiro e Setembro do ano passado. De acordo com os seus dados, morreram nas estradas portuguesas, em 2012, um total de 17 pessoas, na sequência de acidentes com veículos pesados, mais cinco do que no ano anterior.

Em termos gerais, em 2011, naquele período, ocorreram mais 92 mortes (492) do que no ano seguinte (439).Já a nível de feridos graves, registaram-se nos nove primeiros meses de 2012 menos 75 acidentes com automóveis pesados relativamente no ano transacto (548). No total, nos dois anos, houve 60.506, sendo que em 2011 as autoridades compareceram em 31.993, ou seja, mais 4.480 do que no ano passado.

Nos IC e os IP ocorreram, em igual período, 831 acidentes com vítimas, em 2011 e 718 no ano passado. Em relação a sinistros com vítimas mortais, 2011 foi um ano com mais mortes: 51 contra 40 em 2012. A tendência foi idêntica no caso dos feridos graves: 88 (2011) e 73 (2012) e também no dos feridos leves. Em 2011 houve 1123 sinistros, um número que baixou para 967 no ano seguinte.

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