Búlgaros decidem hoje se querem mais uma central nuclear

Governo diz que não há dinheiro, mesmo que referendo pró-nuclear ganhe.

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Local onde poderá ser construída a nova central nuclear da Bulgária Stoyan Nenov

A construção de uma nova central nuclear na Bulgária vai hoje a votos, no primeiro referendo do país na era pós-comunista.

Os búlgaros dirão “sim” ou “não” à pergunta: “Deve desenvolver-se a energia nuclear na Bulgária com a construção de uma nova central atómica?”.

O país possui uma central nuclear, a de Kozloduy, com seis reactores, dos quais apenas dois estão operacionais. Os outros quatro - de tecnologia antiga e considerados inseguros - foram encerrados entre 2002 e 2006, como condição para a adesão do país à União Europeia, concretizada em 2007. Cerca de um terço da electricidade consumida na Bulgária vem da central de Kozloduy.

A central de Belene teve início em 1988, mas foi suspensa em 1990. Em 2002, o projecto foi retomado, como alternativa aos reactores de Kozloduy que seriam encerrados. O contrato para a sua construção acabou por ser assinado em 2008, por um governo na altura liderado pelos socialistas.

O actual executivo reverteu, este ano, a decisão anterior, argumentando que não há dinheiro para construir uma nova central nuclear. O referendo é uma reacção dos socialistas a esta última decisão. Mas, segundo já afirmou o primeiro-ministro Boyko Borisov, mesmo que os búlgaros digam “sim” à nova central, não haverá onde ir buscar os 10.000 milhões de euros necessários para o projecto.

Um “não” no referendo seria mais um dado negativo no complexo estado da indústria nuclear na Europa, que tem passado por um novo período de rejeição, desde o acidente da central de Fukushima, no Japão, em 2011. Alguns países vão abandonar a electricidade atómica, em especial a Alemanha. Outros, no entanto, já anunciaram que irão manter o nuclear em força – como a França e o Reino Unido.

Desde o acidente de Tchernobil, em 1986, na Ucrânia (na altura parte da União Soviética), foi lançada a construção de apenas dois reactores na Europa Ocidental – um na França e outro na Finlândia. Já na Rússia, foi iniciada a construção de dez.

No mundo todo, há 68 reactores nucleares em construção, dos 29 estão na China e sete na Índia.

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