Portugueses consomem quatro quilos de leguminosas por ano e preferem o feijão

Cada português consome anualmente mais de três quilos de feijão e pouco menos de um quilo de grão. Mas é pouco.

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Miguel Madeira

Os portugueses consomem quatro quilos de leguminosas por ano, dando preferência ao feijão, disse nesta quinta-feira a presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas, acrescentando que este valor está abaixo do recomendado e que há condições favoráveis ao aumento destes cultivos.

Em declarações à Lusa, Maria Antónia Figueiredo assinalou que a quebra no consumo de leguminosas se deveu sobretudo ao “desuso” e à “americanização” dos hábitos alimentares, sublinhando que se conjuga actualmente uma série de factores que favorecem estas produções agrícolas.

“São proteínas vegetais, boas para a saúde, são boas para o solo, porque não produzem azoto, boas para a alimentação animal, e Portugal tem condições de solo e clima favoráveis”, sintetizou, a propósito de um seminário que decorre esta quinta-feira em Lisboa e em que serão apresentadas vantagens competitivas da produção e benefícios do consumo destes alimentos.

Os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), citados pelo Observatório, indicam que o consumo de leguminosas secas se tem mantido estável nos últimos dez anos, registando um consumo de 4,1 quilos por habitante no período de 2010/2011. Neste período, foram consumidos maioritariamente feijão (3,2 quilos/habitante) e grão (0,9 quilos/habitante).

Já o auto-aprovisionamento tem vindo a diminuir: apenas 6% para o feijão, 10% para o grão e 31% para outras leguminosas, como ervilhas, favas, grão-de-bico, lentilhas e tremoço.

Maria Antónia Figueiredo salientou que a representação da Roda dos Alimentos aponta para um consumo de 4% de leguminosas, mas o consumo está “desequilibrado” correspondendo a apenas 0,7%.

Já no caso da carne, pescado e ovos, que ocupam apenas 5% da Roda dos Alimentos, o consumo supera os 16%. “Se consumíssemos mais feijão, poderíamos comer menos carne, beneficiando de uma proteína mais saudável [vegetal]”, sugeriu a responsável do Observatório.

A redução da procura reflectiu-se numa queda significativa ao nível da produção. Em 1990, o cultivo de leguminosas secas ocupava 35 mil hectares, valor que diminuiu para os actuais 4000 hectares.

“Os produtores produzem o que as pessoas querem consumir. Havia regiões muito interessantes e com boas condições onde a produção tem vindo a desaparecer”, adiantou Maria Antónia Figueiredo, apontando o Alentejo e a Zona Norte como as regiões mais atractivas para o cultivo de leguminosas.

“Queremos lançar um alerta no sentido de estimular a produção e a procura destes alimentos”, declarou, acrescentando que “não há requisitos agronómicos que sejam impeditivos da produção de leguminosas em todo o país”.
 

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