Mulher de relator do FMI assume autoria de textos que levaram a demissão

Num comunicado enviado às redacções do jornais espanhóis, e “perante os acontecimentos das últimas 24 horas”, Alameda afirma que Amy Martin é “o pseudónimo utilizado para assinar numerosos trabalhos realizados para a Fundación Ideas e para o diário Público”.

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Alameda diz que o marido não sabia que escrevia para a fundação que o próprio dirigia DR

Irene Zoe Alameda, mulher de Carlos Mulas Granados, um dos autores do relatório do FMI sobre Portugal, assumiu nesta quinta-feira a autoria dos textos que levaram à demissão do marido da direcção-geral da Fundación Ideas.

Sob o pseudónimo Amy Martin, Alameda assinou textos publicados pela fundação e pelo diário espanhol Público. O pseudónimo é reclamado depois de, na quarta-feira, ter sido anunciada a destituição de Granados pela falsa autoria de uma série de trabalhos pagos pela instituição espanhola.

Num comunicado enviado às redacções do jornais espanhóis, e “perante os acontecimentos das últimas 24 horas”, Alameda afirma que Amy Martin é “o pseudónimo utilizado para assinar numerosos trabalhos realizados para a Fundación Ideas e para o diário Público”. A escritora lamenta que a “figura de Carlos Mulas Granados tenha sido vilipendiada de forma insólita e irracional”, afirmando que o seu ainda marido – Alameda e Granados estão “sentimental e fisicamente” separados há vários anos – não tinha conhecimento de que Amy Martin era “um pseudónimo e não uma pessoa real” até esta quarta-feira, quando o jornal El Mundo divulgou o caso da falsa autoria dos textos. Além de Alameda, apenas a sua agente sabia que usava aquele pseudónimo.

Irene Zoe Alameda explica que, quando teve conhecimento de que a Fundación Ideas, dirigida pelo marido, procurava, em 2009, colaboradores para a realização de artigos em espanhol e inglês, decidiu candidatar-se sob o nome de Amy Martin. A sua candidatura foi aceite e iniciaram-se então anos de colaboração com a instituição espanhola. Por cada texto entregue, Amy Martin recebia cerca de 3000 euros, adiantou o El Mundo. O El País acrescenta que terá recebido um total de 60 mil euros.

Segundo Alameda, Granados não tinha qualquer conhecimento de que ela era Amy Martin, sublinhando que o marido nunca teve qualquer contacto telefónico ou viu alguma vez a escritora que assinava os textos que pagava.

O PSOE, que fundou a Fundación Ideas, tentou contactar por várias vezes, nos últimos dias, a colaboradora da instituição, mas apenas na quarta-feira Amy Martin atendeu um telefonema. O partido pediu provas de identidade após as notícias vindas a público. Irene Zoe Alameda decidiu assumir o pseudónimo, uma decisão que afirma “não ter nada de mal”, mas que recusa manter em segredo, perante as consequências que vieram a surgir para o marido.

“Carlos Mulas Granados é o homem mais honesto, trabalhador e admirável que conheci na minha vida”, realça na sua nota. “A responsabilidade absoluta pela confusão Amy Martin é minha”, sustenta, acrescentando um pedido de desculpas no penúltimo parágrafo do seu comunicado. “Publicamente, peço perdão por ter inventado e feito trabalhar Amy Martin”. Termina disponibilizando-se para devolver os honorários que recebeu durante a colaboração com a Fundación Ideas.

Jesus Caldera, vice-presidente executivo da fundação espanhola, acusou Granados de falsa autoria de uma série de trabalhos pagos pela instituição espanhola, depois de uma investigação do diário El Mundo ter revelado que Amy Martin era um pseudónimo de Carlos Mulas Granados.

Após a destituição do até aqui director da instituição, Jesus Caldera garantiu, em declarações ao programa 24 da Radio Nacional espanhola, que “não vai haver nem um euro defraudado” neste caso e assegurou aos espanhóis que vai exigir que o caso seja analisado com a “máxima transparência”.
 

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