Menezes anuncia que vai propor um referendo para fundir Porto e Gaia

Candidato do PSD desafia aqueles que têm vontade de avançar a não hesitarem, nem esperarem por "vagas de fundo" ou "jogos de bastidores".

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Luís Filipe Menezes considera Miguel Relvas um "homem sério, competente e eficaz" Foto: Luís Ramos

Quatro meses depois de ter decidido que era candidato “sem pedir licença a ninguém”, Luís Filipe Menezes apresentou neste sábado formalmente a sua candidatura à Câmara do Porto, que vai, segundo disse, da direita conservadora até à esquerda radical, mas "patriótica e com sentido de responsabilidade”. E anunciou que é sua intenção fazer do Porto a maior cidade do Portugal, fundindo-a com Gaia.

"Proporei ao próximo presidente da Câmara de Gaia eleito que na próxima legislatura comecemos a fundir serviços e empresas, bem como a trabalhar conjuntamente em projectos estratégicos por forma a construir, no prazo de quatro anos, após referendo à população, a maior cidade de Portugal, com a massa crítica demográfica, orçamental e territorial necessárias às exigências do Porto Forte do futuro”, declarou numa alusão ao lema da sua campanha.

Na Alfândega do Porto, perante uma plateia de apoiantes, o ainda presidente de Gaia anunciou uma mão cheia de projectos para a cidade que serão uma realidade caso vença as eleições autárquicas do final do ano. Revelou que quer fazer do Porto “o farol da inovação, do progresso e da coesão social”, porque esta é a sua cidade. “Foi aqui que estudei, foi que fiz o meu curso de Medicina, foi que iniciei a minha vida profissional, foi aqui que dei as primeiras consultas, fui presidente dez anos da distrital do Porto do PSD (...). Agora regresso a casa, ao Porto”, afirmou num recado para aqueles que o olham como sendo de Gaia.

Embalado pelos elogios dos seus mandatários – durante a sessão foram anunciados os vários mandatários, que irão fazer parte de um Senado, um órgão presidido pelo professor Daniel Serrão –, o candidato do PSD puxou pela plateia para dizer: “A nossa candidatura é forte, mas não ganhamos ainda, porque quem manda é o povo. Temos que ter a humildade de reconhecer isso. Outros já tiveram grandes desgostos no passado por ser sobranceiros e não respeitar essa realidade”, declarou sem mencionar nomes.

Num longo discurso, Menezes sublinhou que “neste momento só há mais um candidato assumido à Câmara do Porto [que é Manuel Pizarro do PS]”, numa indirecta a Rui Moreira, que está a ponderar entrar na corrida ao Porto, protagonizando uma candidatura independente. Neste sábado, Rio Moreira deu duas entrevistas onde assumiu que tem uma equipa no terreno a preparar a sua candidatura à câmara.

“Quero dizer a todos os outros que tenham a vontade de avançar que não hesitem, que não hesitem. Que não esperem vagas de fundo, que não joguem em jogos de bastidores, que tenham a coragem, a determinação, a lisura de dizer ao que vêm e o que querem fazer. Que não comuniquem pelos jornais, nomeadamente pelos jornais da capital. Comuniquem no Porto, com o Porto, para o Porto”, desafiou.

Entre alguns dos projectos que referiu, Luís Filipe Menezes partilhou a vontade de repensar a cidade, transformando os eixos viários em infra-estruturas “mais humanizadas”, de converter a Via de Cintura Interna e a Estrada da Circunvalação em “alamedas de cidade” e de “pôr as crianças do Porto a aprender mandarim e hebraico e levá-las à ópera uma tarde por semana”.

Preocupado com a desertificação do centro da cidade, que “só na última década perdeu 7,1 portuenses por dia”, Menezes promete medidas que tragam de novo as pessoas para o centro da cidade. E porque o Porto é também Manoel Oliveira, o candidato do PSD anunciou que vai propor ao Governo que promova uma grande homenagem ao cineasta portuense, afirmando, entusiasmado, que “quer ver os melhores da cinematografia como Clint Easteood, Martin Scorcese e Woody Allen”.

No “final da primavera” será apresentado o programa eleitoral, prometeu, deixando “um compromisso manifesto” composto por dez grandes objectivos: repovoamento da cidade, a construção da cidade social, a regeneração do património edificado, o reordenamento funcional do território, a captação de investimento, o turismo permanente, a projecção internacional da universidade e dos centros de investigação, a criação de uma nova cidadania de participação e a afirmação de uma liderança regional.

Joaquim Azevedo é o mandatário da candidatura e o maestro e programador da Capital Europeia da Cultura de Guimarães, Rui Massena, é o mandatário da juventude. Couto dos Santos é o porta-voz da campanha, cuja direcção está confiada a Pedro Duarte. O advogado Amorim Pereira é o mandatário financeiro.
 
 

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