CCP antevê “grande confusão” no processamento de salários

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A Confederação do Comércio e Serviços (CCP) previu, nesta terça-feira, uma “grande confusão” para as empresas que, devido ao atraso do Governo na divulgação das novas tabelas de IRS, terão de efectuar vários processamentos de salários.

 

“Tudo isto foi uma grande confusão. É lamentável toda a metodologia que o Governo usou para atingir estas alterações de tabelas, bem como a própria lei dos duodécimos”, declarou o presidente da CCP, Vieira Lopes, depois de um encontro com a CGTP.

Vieira Lopes antevê que a divulgação das novas tabelas de retenção na fonte a 14 de Janeiro, numa altura em que algumas empresas já processaram os salários correspondentes ao corrente mês, “vai dar uma grande confusão e, nomeadamente, levar a vários processamentos salariais”

“Não percebemos por que razão é que, estando esta situação prevista no Orçamento do Estado (OE2013), só agora saíram estas tabelas. Antevejo uma grande confusão em que as pessoas não vão saber o que ganham, nem neste mês nem no próximo e só a partir de Março cada um terá noção de quanto será o seu rendimento este ano, o que não é positivo”, considerou o responsável.

Relativamente ao sector privado, que, de acordo com o despacho do Governo, poderá apenas aplicar as novas tabelas em Fevereiro, Vieira Lopes entende tratar-se de uma medida positiva. “Esta medida em relação ao privado parece-nos inevitável, na medida em que muitas empresas já têm os salários processados”, disse.

Arménio Carlos, que na manhã desta terça-feira esteve reunido com a CCP durante duas horas, a pedido da central sindical, afirmou, por seu turno, que “o Governo avançou [ontem] com mais uma manipulação: deu com uma mão e retira com três”. Se, por um lado, “anuncia que vai avançar com os duodécimos fazendo subir o rendimento mensal dos trabalhadores, omitiu propositadamente que com a redução de oito para cinco escalões grande parte dos trabalhadores vão passar a descontar mais impostos”, considerou o secretário-geral da CGTP.

O sindicalista sublinhou que o executivo “se esqueceu de referir que vai haver uma redução significativa das deduções para a saúde, habitação e educação e se esqueceu de referir que quando chegar a altura de os trabalhadores receberem os subsídios de férias e de Natal vão receber muito menos”.

“Não nos estão a dar nada, mas a tirar e a procurar maquilhar um aumento de impostos monstruoso que vai reduzir o rendimento das famílias e prejudicar o funcionamento das empresas”, advertiu Arménio Carlos, que alertou ainda para o facto de “menos rendimento conduzir a menos consumo, mais encerramento de empresas, mais desemprego, menos receitas fiscais para o Estado e menos receita para a Segurança Social, contribuindo para afundar ainda mais a economia”.

“Não vale a pena manipularem os números. A verdade é esta: vai haver um aumento muito significativo dos impostos e vai haver uma redução muito significativa dos rendimentos das famílias”, rematou Arménio Carlos.

As tabelas de retenção na fonte divulgadas na segunda-feira deverão reflectir o “enorme aumento” de impostos previsto no Orçamento do Estado para 2013 que, entre outras medidas, reduziu o número de escalões de IRS de oito para cinco, criou uma taxa adicional de solidariedade de 5% para rendimentos superiores a 250.000 euros e determinou que a taxa de 2,5%, já existente, se passasse a aplicar aos rendimentos superiores a 80.000 euros.

Com estas medidas, a taxa média efectiva de IRS deverá passar de 9,8% para 13,2%, um aumento superior a 30%.
 
 

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