Figuras de Django Libertado indignam organizações de direitos civis

Não foi só o realizador Spike Lee que criticou o mais recente filme de Tarantino, Django Libertado, que aborda a escravatura, o racismo e a tensão entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos.

Foto
As figuras estão à venda no site da Amazon Imagem: DR

Uma série de figuras de acção criadas a partir das personagens têm suscitado indignação junto de activistas negros americanos que apelaram ao boicote.

As seis figuras com cerca 20 centímetros de altura foram produzidas pela National Entertainment Collectibles Association (NECA) depois de esta ter consultado a produtora do fime, Weinstein Company, e representam personagens como o escravo Django, interpretado por Jamie Foxx, ou Dr. Schulz (Christoph Waltz), o médico branco que o acompanha quando este se torna um caçador de recompensas no Mississippi.

“A venda destes bonecos é altamente ofensiva para os nossos antepassados e para a comunidade afro-americna”, disse o presidente da National Action Network em Los Angeles, o pastor baptista K.W. Tullos ao jornal New York Daily News. “O filme é para adultos, mas estas são figuras de acção que atraem crianças. Não queremos outros indivíduos a utilizá-las para o seu entretenimento, para fazer troça da escravatura”, acrescentou. A organização pediu que as figuras fossem retiradas do mercado.

Citado pelo jornal britânico The Guardian, o director de outra organização de direitos civis, Najee Ali, também expressou o seu descontentamento em relação à venda das figuras, argumentando que “banalizam os horrores da escravatura e o que os afro-americanos viveram”. Ainda assim – e ao contrário de Spike Lee – Ali não contesta a representação da escravatura, nem o uso da palavra “nigger” no filme de Tarantino, que já viu duas vezes. Já o realizador de Malcom X manifestou, em Dezembro, o seu desagrado e garantiu que não iria ver o filme: “A escravatura americana não foi um western spaghetti de Sergio Leone. Foi um Holocausto. Os meus antepassados são escravos. Roubados de África. Vou honrá-los”, escreveu Spike Lee no Twitter.

Numa conferência de imprensa na Alemanha o realizador de Django Libertado, Quentin Tarantino, defendeu-se dizendo que “a realidade é mil vezes pior” do que o que mostrou no filme.

As figuras – que foram criadas para serem coleccionadas por adultos – estão à venda na Amazon. Esta sexta-feira os preços variam entre os 30 e os 50 dólares (aproxiamedamente 23 e 38 euros). No site da marca americana gerou-se um intenso debate com comentários a favor e contra a comercialização das figuras.

Django Libertado chega aos cinemas portugueses a 24 de Janeiro e está nomeado para cinco Óscares.

Sugerir correcção
Comentar