Parlamento discute este mês mais bicicletas nos comboios

Três iniciativas parlamentares e uma petição pública exigem o fim das restrições do transporte nos comboios Alfa Pendular e Intercidades.

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CP diz que comboios estão abertos às bicicletas, mas nos de longo curso, só como bagagem Adriano Miranda

O Parlamento vai debater no próximo dia 23 de Janeiro três projectos de resolução que reivindicam o direito dos cidadãos levarem bicicletas para dentro dos comboios de longo curso. Uma petição pública ainda aberta à subscrição na Internet também reclama o mesmo.

O Bloco de Esquerda (BE) foi o primeiro a apresentar uma proposta, em Setembro passado, recomendando ao Governo que intervenha junto da CP para que as bicicletas possam ser transportadas “em todos os comboios, incluindo no Alfa Pendular e Intercidades”. O BE também quer que “sejam criadas boas condições” para as bicicletas “dentro das composições e no acesso aos cais de embarque”.

“Recentemente, o transporte de bicicletas nos comboios tem sido uma das grandes reclamações e reivindicações dos utentes da CP o que reforça a necessidade do serviço público responder de imediato a esta problemática, melhorando a sua oferta”, argumenta o BE.

Na sexta-feira passada, deputados do PSD e do CDS-PP também apresentaram um projecto de resolução neste sentido. A proposta reconhece que houve uma evolução recente, com a possibilidade de transporte de bicicletas nos comboios urbanos e regionais. Mas os parlamentares lembram que isto ainda não é possível nos comboios Alfa e Intercidades. “Tal circunstância é fortemente limitadora da mobilidade, pelo que importa que se alargue aos comboios de longo curso esta possibilidade”, escrevem os autores da proposta – seis deputados do PSD e três do CDS-PP.

Os parlamentares recomendam ao Governo que “assegure junto da CP” o alargamento do transporte de bicicletas. A resolução sugere a criação de um “título de transporte de bicicleta associado ao bilhete do passageiro” e a “divulgação da prévia disponibilidade de transporte existente para cada comboio”.

O deputado Paulo Cavaleiro, do PSD, reconhece que é preciso dinheiro para criar melhores condições para as bicicletas nos comboios. "No entanto, temos informações de que, com adaptações, isso poderá ser possível nos comboios Intercidades", afirma.

Também o Partido Ecologista “Os Verdes” divulgou, esta segunda-feira, um projecto de resolução semelhante, utilizando o exemplo de um estudante originário de Lisboa mas que viva em Coimbra. “Por que razão não poderá usar a sua bicicleta em Lisboa, transportá-la para Coimbra e usá-la diariamente para os seus movimentos pendulares diários?”, perguntam “Os Verdes”. O partido também chama a atenção para as restrições às bicicletas nos barcos e recomenda ao Governo que promova “as medidas necessárias para permitir e/ou alargar o transporte de bicicletas nos respectivos meios de transporte”.

Ciclistas queixam-se

João Barreto, da MUBi-Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, afirma que, apesar de ter de facto havido alguns avanços, há ainda grandes restrições nos comboios. Noutros países, os comboios de longo curso têm espaços próprios para bicicletas, algo que não ocorre em Portugal. “Temos muitas queixas de sócios nossos, que nos pedem para que façamos algo por isso”, afirma Barreto.

Em Setembro passado, a MUBi lançou uma petição online, exigindo o mesmo que os deputados estão agora a pedir. Pouco mais de 1200 pessoas assinaram já a petição.

Segundo o gabinete de imprensa da CP, é possível transportar bicicletas “todos os dias, em todos os horários e de forma gratuita”. Mas há condições, como levar apenas uma bicicleta por passageiro, não circular com as mesmas nas estações, respeitar os lugares definidos nos regionais – onde o revisor pode impedir o transporte, se não houver espaço ou o comboio estiver muito cheio.

Já no Alfa Pendular e nos Intercidades, as bicicletas podem se transportadas, mas “desmontadas e devidamente acondicionadas como bagagem, que não exceda, nos porta volumes ou por baixo dos bancos, o espaço correspondente aos lugares a que tenham direito, num máximo de um volume por passageiro”.

A CP não esclareceu ao PÚBLICO por que não é possível alargar o transporte de bicicletas nestes comboios. 

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