O salmão transgénico mais perto do nosso prato

A concretizar-se a aprovação final das autoridades de saúde norte-americanas, este será o primeiro animal transgénico a chegar legalmente às mesas dos EUA.

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O salmão transgénico atinge o tamanho adulto duas vezes mais depressa do que o não transgénico (à frente) AquaBounty

A Food and Drug Administration (FDA), a agência federal norte-americana responsável pela aprovação de novos alimentos e medicamentos, emitiu um parecer onde conclui que o consumo de um tipo de salmão geneticamente manipulado, produzido pela empresa AquaBounty Technologies, não apresenta “riscos nem perigos significativos para a segurança alimentar”.

A FDA considerou ainda que, dadas as características destes salmões e a forma como são criados (são fêmeas estéreis e crescem em condições de estrito isolamento), mesmo que alguns exemplares conseguissem escapar dos tanques isso não afectaria o ambiente.

O salmão transgénico em questão, criado em 1989 e baptizado AquAdvantage, é um salmão do Atlântico ao qual foi acrescentado o gene da hormona de crescimento do salmão-rei (Oncorhynchus tshawytsch), uma espécie muito comum do Pacífico. Esta manipulação genética faz com que cresça duas vezes mais depressa do que os seus congéneres naturais.

Segundo a imprensa internacional, o parecer da FDA já estava pronto em Abril, mas a sua publicação fora adiada pela Casa Branca, que receava eventuais reacções negativas dos seus eleitores (recorde-se que as presidenciais estavam mesmo à porta…).

À vitória eleitoral veio juntar-se a publicação, na segunda quinzena de Dezembro, de vários artigos no site slate.com que não deixaram outra alternativa ao Executivo norte-americano senão tornar público o parecer da FDA. Naqueles artigos, Jon Entine, director do Projecto de Literacia Genética (associação sem fins lucrativos dedicada a “separar a ideologia da ciência” e a desmistificar os mitos em torno da engenharia genética), denunciava o atraso na divulgação do documento e salientava que isso “levantava questões legais e éticas de interferência política na ciência e no trabalho independente das agências federais”. Dois dias mais tarde, o parecer da FDA era tornado público online, enquanto se aguardava pela sua versão impressa.

Contudo, lê-se na revista New Scientist, a aprovação final não será imediata. O parecer deve agora ser submetido a discussão pública e a FDA precisará de realizar, a seguir, uma derradeira avaliação, que pode ainda ser demorada –  mas que, em princípio, não deverá apresentar surpresas.

O salmão transgénico também há-de chegar às mesas europeias? Segundo o diário britânico The Independent, quando o AquAdvantage passar a ser “legalmente comercializado e consumido nos EUA, os produtores de salmão britânicos e europeus vão sentir-se pressionados a seguir o exemplo”.
 
 

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