Franceses da Vinci ganham corrida à ANA

Governo escolheu nesta quinta-feira o vencedor da privatização da gestora aeroportuária, que ficará concluída no início do próximo ano e, para já, sem investidores portugueses.

Aeroportos da ANA
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Aeroportos da ANA Infografia PÚBLICO
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O grupo ANA Infografia PÚBLICO
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O Aeroporto João Paulo II, em São Miguel, é uma das estruturas geridas pela ANA Rui Soares

Os franceses da Vinci foram os escolhidos, de entre um lote de quatro candidatos, para comprar a ANA, anunciou o Governo. A decisão foi tomada nesta quinta-feira em Conselho de Ministros, deixando para trás a alemã Fraport, o consórcio que juntava a suíça Zurich Flughafen, os brasileiros da CCR e o fundo de investimento GIP e, finalmente, os argentinos da Corporación América, que concorriam com duas empresas portuguesas: Sonae Sierra e Empark.

Os novos donos da empresa, que terão de pagar no imediato um sinal de 100 milhões de euros para garantir que avançam com a operação, ficarão com a concessão dos aeroportos portugueses por um período de 50 anos. A Vinci ficará com 95% da ANA, não podendo desfazer-se do capital durante cinco anos. Os restantes 5% serão reservados para os trabalhadores.

Apesar de o vencedor ter sido escolhido nesta quinta-feira, o contrato só será assinado no início do próximo ano. Inicialmente, o Governo tinha-se comprometido a vender a ANA ainda em 2012. No entanto, parte do encaixe já foi assegurado através da assinatura do contrato de concessão dos aeroportos ainda com a ANA, enquanto empresa pública.

Este passo valeu ao Governo 800 milhões de euros (de um total de 1,2 mil milhões a pagar pela concessão), que  pretende utilizar para abater ao défice e cumprir a meta acordada com a troika para 2012 (5%). No entanto, falta ainda luz verde das autoridades europeias para concretizar os planos.

A Vinci é uma empresa francesa que opera no sector da construção e das concessões, tendo interesses em diversas áreas, das redes rodoviárias (é accionista da Lusoponte, concessionária das pontes Vasco da Gama e 25 de Abril) a estádios de futebol. Actualmente, gere 12 aeroportos (nove em França e três no Camboja), que movimentam no conjunto 8,5 milhões de passageiros por ano.

O investidor escolhido pelo Governo para comprar a ANA está neste momento a negociar a entrada de mais parceiros na operação, como tinha aliás assumido que faria se ganhasse a privatização. Essas negociações envolvem empresas estrangeiras, mas também portuguesas.

A decisão a anunciar nesta quinta-feira pelo Governo acontece precisamente uma semana depois de o executivo ter optado, em Conselho de Ministros, por suspender a privatização da TAP, também prevista para 2012. Neste caso, havia apenas um investidor na corrida: o milionário colombiano, brasileiro e polaco Germán Efromovich.

Quem fica para trás 
A privatização da ANA foi, até agora, a mais concorrida, tendo havido mais de 30 investidores a levantar o caderno de encargos preparado pelo Governo. A 24 de Outubro, data em que terminava o prazo para entregar as ofertas preliminares de compra, oito grupos avançaram com uma proposta não vinculativa.

Deste primeiro rol de investidores, o executivo escolheu cinco para passarem à segunda fase do processo. Mas, destes cinco, apenas quatro entregaram efectivamente as ofertas finais de aquisição a 14 de Dezembro, como estabelecido no calendário da privatização. Tal como tinham admitido anteriormente, os colombianos da Odinsa, que lideravam um consórcio onde estava também a Mota-Engil, não alcançaram esta etapa.

E, por isso, com a decisão tomada nesta quinta-feira, três grupos investidores ficam de fora da operação. Um deles é liderado pela Fraport, empresa alemã que tem como bandeira o aeroporto de Frankfurt, uma das infra-estruturas mais movimentadas na Europa e que é gerida pelo grupo desde a sua fundação, em 1924. A operadora gere actualmente outros 12 aeroportos em quatro continentes. Em 2011, registou receitas de 2,37 mil milhões de euros e lucros de 250,8 milhões. Para concorrer à compra da ANA, juntou-se ao fundo de pensões australiano IMF.

Também ficou fora da corrida a Corporación América, que liderava o consórcio EAMA, do qual faziam inicialmente parte três empresas portuguesas. Quando chegou o momento de entregar as propostas finais de compra, a Auto Sueco saiu de cena e ficaram a Sonae Sierra e a Empark. Estavam também com o grupo argentino, que tem sob gestão 49 aeroportos na América Latina e na Europa, os mexicanos da Tradeco e os brasileiros da Engevix.

O terceiro e último candidato afastado pelo Governo foi o consórcio que unia a Zurich, o fundo de investimento GIP e os brasileiros da CCR, formado já depois de o executivo ter decidido que apenas a primeira empresa, gestora do aeroporto de Zurique, passava à segunda fase do processo. O GIP também opera três aeroportos no Reino Unido: Londres, Gatwick e Edimburgo.
 
 

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