Monti apresentou demissão: e agora, Itália?

Aprovado o Orçamento 2013, o primeiro-ministro demitiu-se. Só no fim-de-semana dirá se é candidato.

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Adeus e atá já: domingo Monti vai dizer aos italianos se é ou não candidato a primeiro-ministro Eric Gaillard/REUTERS

O primeiro-ministro Mario Monti já apresentou a sua demissão, depois de ter feito aprovar de forma definitiva o Orçamento de 2013 na Câmara dos Deputados, por 309 votos favoráveis, 55 contra e cinco abstenções.

Já se sabia que apresentaria a sua demissão ao Presidente da República, após ter perdido o apoio do partido de Silvio Berlusconi, logo que o Orçamento fosse aprovado. Espera-se que no domingo apresente a sua candidatura às legislativas, que devem ser marcadas para 24 de Fevereiro, liderando uma coligação de centro-direita, numa conferência de imprensa – mas ainda hoje circulam dúvidas “robustas” de que o faça, diz o jornal italiano La Repubblica.

Numa cerimónia com o corpo diplomático internacional, esta manhã em Roma, Monti tinha confirmado a dissolução do seu executivo logo após a aprovação do Orçamento, brincando que o facto de o Governo ter chegado ao fim no dia 21 de Dezembro não era “culpa da profecia maia”.

“O trabalho que levámos a cabo nos últimos 12 meses recuperou a confiança na economia do país, que se tornou mais competitivo e também mais atractivo para os investidores estrangeiros. Espero que a Itália possa continuar este caminho na próxima sessão legislativa”, sublinhou Monti, ovacionado de pé pelos embaixadores estrangeiros.

Os potenciais aliados de Monti incluem o administrador da Ferrari Luca Cordero di Motezemolo, os democratas-cristãos e até alguns rebeldes do partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade. Quanto a Berlusconi, está a ter problemas para refazer a sua própria coligação: a Liga do Norte está com pouca vontade de se juntar de novo a ele.

As sondagens dão cerca de 40% a uma aliança de esquerda liderada pelo Partido Democrata, enquanto o campo do Povo da Liberdade não terá mais de 15%. Se conseguir juntar-se à Liga Norte, poderá obter até 25%. A eventual coligação dos partidos que cobiçam a liderança de Monti, por ora, não desperta o entusiasmo de mais do que 10% dos italianos, mas a situação poderia mudar de figura, se o primeiro-ministro demissionário a liderasse. 
 
Fontes citadas pelo Corriere Della Sera antecipavam o desejo dos seus apoiantes de promover “a maior liberalização económica” já vista em Itália e apontavam a inscrição de “reformas históricas” no manifesto eleitoral da plataforma centrista.

Mas em contrapartida, o La Stampa garantia que, depois de um período em que alimentou a hipótese de uma candidatura, Mario Monti tinha completamente desistido da ideia.

Saudado pelos italianos quando substituiu o desacreditado Silvio Berlusconi no Governo do país, Monti viu a sua popularidade cair dos 62% para 33%, fruto das políticas de austeridade implementadas e que conduziram à recessão económica e ao aumento do desemprego.

Na quinta-feira, em visita a uma fábrica da Fiat, Monti reconheceu que os italianos tinham sido forçados a engolir um “remédio amargo”, mas defendeu as suas políticas de disciplina orçamental e avisou para consequências nefastas se agora o país decidisse inverter o seu percurso.

 

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