A oposição manifestou dúvidas em relação à capacidade do programa de reindustrialização do país anunciado nesta quarta-feira por Álvaro Santos Pereira na Assembleia da República.

O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda apontaram ainda o dedo ao ministro da Economia, acusando-o de ter sido já “desautorizado” dentro do Governo e do PSD.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PS, Basílio Horta, referiu que o sector industrial tem uma dívida superior a 47 mil milhões de euros e questionou Álvaro Santos Pereira sobre se “é com a destruição de empresas como a Cimpor que se consegue a reindustrialização” nacional.

“O senhor ministro fala em licenciamento zero, mas foi imediatamente desautorizado pela ministra do Ambiente”, afirmou ainda Basílio Horta, referindo-se a Assunção Cristas.

Ana Drago, do Bloco de Esquerda, fez também referência à mesma desautorização por Assunção Cristas de que falou o Partido Socialista e afirmou ainda que, durante a vigência do actual Governo, “verificou-se permanentemente uma queda da produção industrial”.

Ainda numa linha crítica face ao executivo, o deputado do PCP, Agostinho Lopes, pediu ao ministro da Economia para especificar “quem foram os responsáveis pela desindustrialização de Portugal”, apontando em seguida para a adesão de Portugal à antiga Comunidade Económica Europeia (CEE), agora União Europeia, como sendo o início do processo de destruição das empresas.

“Como este Governo está a repetir as políticas que estiveram na origem da desindustrialização do país, a nossa fé no seu projeto é muito pouca”, apontou ainda Agostinho Lopes.

A deputada do partido ecologista Os Verdes, Heloísa Apolónia, afirmou suspeitar que a ideia de reindustrialização não passa de uma “parangona” do Governo. “O Governo que fala em reindustrialização é o mesmo que rouba mercado interno às empresas”, sustentou a deputada.

A maioria governamental defendeu-se dos ataques da oposição. O deputado centrista Hélder Amaral saudou Álvaro Santos Pereira por ter colocado o tema da reindustrialização na agenda política, mas alertou para a necessidade de as empresas terem um acesso mais fácil e mais simplificado ao financiamento.  

Por parte do PSD, o deputado Luís Ramos atacou o PS, partido que afirmou estar a exigir “constantemente políticas de crescimento, mas que se desvia para criar incidentes quando essas medidas são anunciadas”.